A depender do novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, serão lançadas mil novas bolsas de pesquisa para mestrado e doutorado ainda em 2023. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o professor destacou a retomada de recursos para o setor, o que permitiu o reajuste de 25% a 200% nos valores defasados, anunciado pelo governo federal no final da semana passada.
- Não temos o número exato porque há duas chamadas de bolsas abertas. O resultado deve ser publicado logo e saberemos qual a demanda - explicou.
Houve uma queda na procura. Para o presidente do CNPq, os motivos foram a pandemia e os valores baixos das bolsas.
- Uma bolsa de R$ 1,5 mil desestimulava um aluno formado em uma boa instituição a ir para uma carreira científica. Esperamos que o reajuste leve a uma demanda maior por bolsa, mas não sabemos ainda.
Pesquisador e professor de Física da Universidade de São Paulo (USP), Ricardo Galvão voltou a trabalhar para o governo federal depois de quatro anos. Em 2019, ele foi exonerado do cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) após entrar em um embate com o então presidente Jair Bolsonaro sobre dados de desmatamento na Amazônia. Seu desafio, agora, é exatamente tornar atraente novamente a carreira científica. Começou pelo reajuste das bolsas, o que não ocorria há 10 anos.
Os recursos destravados também serão usados para melhorar laboratórios. Em dois momentos da entrevista à Gaúcha, Galvão reforçou sua vontade de uma interação maior com a indústria e empresas de outros setores.
- Para colocar mais doutores nas empresas - afirmou.
Ele também quer intensificar o estímulo à pesquisa no Norte e no Oeste do país, regiões onde a atividade científica não está no nível do resto. Quanto ao Rio Grande do Sul, elogiou a pesquisa feita no Estado, disse não identificar alguma peculiaridade em relação às demais regiões, mas manifestou sua vontade de trabalhar mais com a Fundação de Amparo à Pesquisa do RS (Fapergs).
Ataques hackers
Os sistemas do CNPq sofreram três ataques hackers subsequentes nas últimas semanas. Segundo o presidente, a instituição está trabalhando para resolver, mas afirma não ser fácil. Garante que não houve vazamento de dados sigilosos da plataforma Lattes e informa que buscará ajuda da Polícia Federal para evitar novos casos.
Colaborou Vitor Netto
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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