O projeto para construção de um terminal fluvial em General Câmara, na região carbonífera do Estado, terá um investimento estimado de R$ 515 milhões. O valor do aporte foi divulgado no lançamento oficial do empreendimento, que aconteceu na quarta-feira (18) em Porto Alegre. O montante é bem maior do que os primeiros projetados — que ficavam entre R$ 70 milhões e R$ 170 milhões — porque houve uma forte mudança no projeto em si.
— O empreendimento quase triplicou de tamanho. Passou de 40 mil metros quadrados para 103 mil metros quadrados. Também intensificamos a sustentabilidade do projeto, com energia solar e reflorestamento, por exemplo — conta o sócio do escritório de arquitetura Kohlore, Cristiano Moura. A empresa foi contratada pela Terminal Fluvial Vale do Jacuí para desenvolver o projeto.
São 132 hectares dividias em quarto áreas. Três delas ficam para fora do terminal, e poderão ser usadas no futuro para quem quiser construir condomínios, hotéis, ou instalar fábricas e galpões de armazenagem. Também estará prevista uma alfândega. Já dentro do terminal, haverá espaço para silos, três armazéns, dois pavilhões — sendo um deles resfriado, como câmara fria — e filas para deixar contêineres e grãos. Haverá ainda um prédio administrativo e um menor de apoio ao caminhoneiro que quiser descansar.
Para a construção de tudo que está previsto, irão, pelo menos, 36 meses, ou seja, três anos. Isso depois que todas as licenças forem emitidas. O primeiro aporte, para comprar o terreno e começar o processo de licenciamento, deve entrar nos próximos 20 dias, diz Moura.
— Temos que aprovar coisas antes de mexer na área. Estamos terminando termo de referência, isso estando ok, protocolamos o EIA/Rima, que precisa ser aprovado pela Fundação de Proteção Ambiental (Fepam).
De acordo com Moura, os investidores são um fundo internacional cujo nome ainda não pode ser divulgado por questões de confidencialidade. Eles foram angariados pela empresa de consultoria de logística Conexão Sul Brasil, que é responsável por conectar quem investe com a Terminal Fluvial Vale do Jacuí, empresa criada com a intenção de construir o empreendimento.
O secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, esteve no evento de lançamento e falou à coluna sobre o projeto.
— É um projeto que vem há bastante tempo sendo estudado. Com todas questões de sustentabilidade, como energia solar para dar sustentação. Para o Estado, é muito bom. Tem potencial por conta da parte hídrica e para alavancar nossa competitividade, porque fortalece a logística do Estado — disse Polo.
O projeto de um terminal portuário em General Câmara começou a ser desenvolvido em 2019, através de uma parceria do município com a Hidrovias RS, uma associação de entidades interessadas na retomada do transporte hidroviário. Inicialmente, seria tocado pela empresa LD Traldi. Também estava envolvida a RV Imola, uma operadora logística paulista tem atuado na distribuição de vacinas contra a covid-19. Mas não avançou. Foi depois que apareceu a Conexão Sul Brasil. Agora, de acordo com Moura, é um "caminho sem volta".
— Todos contratos estão assinados. O valor para aporte já está separado. Não faríamos o lançamento, não chamaríamos essas pessoas se não tivesse a garantia do fundo que está tudo ok.
Para o presidente da Hidrovias RS, Wilen Manteli, a construção do projeto indica um avanço em um debate importante sobre intensificar as hidrovias no Estado, algo que vem sendo discutido nos últimos anos.
— O Rio Grande do Sul tem cerca de 70 municípios hidroviários, uedois grandes objetivos: primeiro desdergalar nossas vias hidroviárias, e outra grande, seria RS dar um salto de desenvolvimetno. Potencializar o hidroviário. Em torno de 70 municípios hidroviários. Municípios localizados nas margens das lagoas e dos rios. E olhando a experiência internacional, com o Mississipi, que se conecta com mar. Nossos rios que desagoam na lagoa e levam para o porto de Rio Grande. Isso é uma vantagem competitiva. Essa foi uma visão, desgargalar essas vias, que precisam de dragagem, proteção.
Diferença de terminal fluvial e porto
Apesar de ser uma operação com características de porto, o nome técnico usado pela empresa para operação é terminal fluvial. Isso porque a expectativa é transportar, anualmente, em torno de 300 mil a 600 mil toneladas de produtos. Para ser considerado porto, precisaria passar de 1,5 milhão, explica Moura. Isso faz, também, com que o licenciamento aconteça pela Fepam e não pelo Ibama.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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