Enquanto espera para saber quem, afinal, será o ministro da Economia do governo Lula, o mercado oscila com os nomes que surgem. Caiu com a informação de que o ex-ministro Guido Mantega integraria a equipe econômica de transição, mas o Ibovespa fechou em alta após o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, anunciar André Lara Resende e Pérsio Arida, que participaram da elaboração do Plano Real, e Nelson Barbosa e Guilherme Mello, economistas ligados ao PT. Confira entrevista do Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o especialista em mercado financeiro Alexandre Stormer, sócio-fundador da Liberta Investimentos:
Por que a eleição de Lula está trazendo investimento estrangeiro, que puxa a bolsa para cima e faz o dólar cair?
Devido à redução das incertezas. Com um processo eleitoral ocorrendo perfeitamente, o cenário ficou definido. O mercado fica com mais coragem e, quanto mais dólares no país, mais em conta a moeda norte-americana fica em relação ao real. Mas as incertezas começaram a aparecer de novo, como quem será o ministro da Fazenda, que comandará a equipe econômica, e como será controlado o teto de gastos. Se será um sujeito que gasta mais do que recebe, se será alguém que não pagará dívidas. Se for, não vou emprestar dinheiro para ele. Será alguém que aceitará o rompimento do teto de gastos ou até vir a imprimir dinheiro no futuro, o que seria trágico.
Como o mercado viu os quatro nomes anunciados por Alckmin, por mais que sejam apenas para a transição sem garantia de integrarem o governo?
Há dois nomes mais austeros, Arida e Lara Resende. Os outros dois nomes são mais desenvolvimentistas, quando se expande a economia de forma mais rápida. Mercado olha isso, mas fica em dúvida sobre quais "ficarão na sala".
Como o rompimento do teto de gastos impacta a vida real?
Se tu tem um vizinho que gasta normalmente R$ 3,5 mil e ganha R$ 5 mil, e ele precisa de dinheiro eventualmente, tu empresta. Se ele ganha R$ 5 mil e sempre gasta mais, tu não empresta. Se o investidor estrangeiro não traz, tu tem menos dólares no Brasil. O dólar fica caro e o Banco Central precisa se tornar atraente ao investidor estrangeiro, o que é subir o juro. O investidor vem, porque paga mal, mas paga mais. Alta de juro derruba dólar e inflação, mas faz a economia não crescer, e PIB é renda, é emprego, é dinheiro que deixa de entrar na nossa casa.
Por que mais é bom atrair investidor estrangeiro?
As concessões são um exemplo, como a Fraport. A empresa alemã entrou investindo no Brasil, reformando aeroporto. Se temos um aeroporto moderno, é porque uma empresa estrangeira veio e investiu.
E o cenário internacional?
Temos uma estagflação na Europa, difícil de ser superada em um curto prazo. É inflação com economia estagnada. Será superado em um prazo mais longo, com menor dependência da Rússia na sua matriz energética. A situação é mais delicada do que no Brasil. Nos Estados Unidos, o partido republicano toma uma posição importante. O país está com uma inflação maior do que a do Brasil, com dificuldade na cadeia logística com a China. O cenário econômico mundial não é favorável ao Brasil.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.