Chamado de "bar secreto", o Pub Bier Keller, no bairro Petrópolis, está à venda. O local é todo decorado com artigos de diferentes épocas que marcaram a história de Porto Alegre. É conhecido por ter mais de cem rótulos de cervejas e por não aceitar "qualquer tipo de cliente" — palavras do próprio dono do estabelecimento, Vitório Levandovski.
A coluna esteve no local há poucos dias. Ao chegar na esquina entre as ruas João Abbott e Carazinho, não havia sinais de atividade comercial. Em uma casa laranja coberta por plantas, estava uma placa com o nome do pub, escrita com uma fonte de estilo germânico e pendurada em uma antiga porta de madeira. Na entrada, há um leitor de biometria, uma campainha, fechaduras e uma câmera que aponta para aquele que deseja entrar.
Quem atravessa para dentro, dá de cara com uma caixa registradora de ferro, que, segundo o proprietário, era usada em uma unidade do Banco do Brasil em décadas passadas. Ao lado do artefato, está uma torneira, também de ferro, que pertencia à emblemática Confeitaria Rocco, fechada em 1968 no Centro Histórico. Um ventilador no teto — que não está mais girando — foi tirado do Mercado Público. O local é mesmo recheado com objetos antigos.
Desde a sua abertura, há exatos 20 anos, o pub serve diversas marcas de cerveja. Já a comida, o próprio cliente faz. Eles avisam que irão usar a cozinha ou trazem seu alimento de casa. Há exceções, quando Gerti Levandovski, ex-mulher e quem administra o local agora, prepara algo e deixa em um bufê de aço. O pagamento também é feito pelos próprios clientes. Segundo Levandovski, os frequentadores costumam ir ao caixa e, lá, deixam o valor. Por esse motivo, o Bier Keller aceita apenas "pessoas de confiança".
— É como se fosse um clube. Eu dava a chave da minha loja para o cliente entrar, depois coloquei a biometria e a Gerti instalou o sistema de tags. Os clientes chegavam a pagar uma mensalidade para manter o lugar, de tanto que eles gostam daqui — descreve o sócio.
Levandovski e Gerti têm uma boa relação, apesar de ele estar em outro casamento. O empresário se mudou para Maquiné, enquanto sua sócia toca o pub sozinha, já que o lugar não tem funcionários. O motivo da venda do ponto não são dívidas ou baixo movimento, dizem. Gerti quer descansar, porém busca uma pessoa que vá tocar o estabelecimento nos mesmos moldes da atual gestão (e revela que não há pressa para achar esse comprador).
O prédio não é de Levandovski, ele paga aluguel. Antes de assumir parte do espaço, ali havia um açougue, e o piso quadriculado, parcialmente gasto, entrega a história. Ao lado, tinha um armazém, conta. Aos poucos, foi expandindo seu negócio e fazendo reformas para dar ao lugar uma cara "mais boêmia". Levandovski conta que, nos tempos áureos do bar, chegou a ter mais de 400 rótulos no catálogo, quando foi construída uma adega, que não está mais cheia.
— Queremos passar o bastão para alguém que dê continuidade a esse projeto. Querendo ou não, é algo positivo para cidade. Porto Alegre precisa de um lugar assim — afirma Vitório.
Para vender o ponto, o empresário diz que está cobrando um "valor simbólico", porém pediu para não divulgá-lo. Os interessados podem saber mais detalhes pelo número (51) 9 8011-4154.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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