O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Sustentabilidade foi a palavra que marcou os dois dias do Fórum Encadear, evento do Sebrae sobre cadeias de valor e de produção que a coluna acompanhou, na última semana, em São Paulo. O objetivo do encontro foi debater como pequenas empresas podem entrar no processo produtivo como fornecedoras das grandes companhias. Para isso, claro, elas precisam ser competitivas. Durante boa parte dos painéis e das entrevistas que a coluna fez, o entendimento foi de que investir em ações ambientais e sociais pode ser o principal diferencial frente a outros fornecedores globais.
— Os fornecedores vão, cada vez mais, serem olhados pela ótica da sustentabilidade. Se eu gero um produto com menos pegada de carbono, usando energia limpa, com menos desperdício de recurso natural, eu ganho pontos no processo de escolha dessas grandes e médias empresas. Isso tem que estar dentro da lógica do pequeno empresário — diz o gerente de competitividade do Sebrae, Cesar Rissete.
A discussão sobre cadeia de produção e de valor ganhou outro peso neste ano por conta da crise global de frete e falta de insumos, problemas que começaram com a pandemia e que se agravaram com a guerra no leste europeu. Para especialistas com quem a coluna conversou, como o próprio Rissete e o secretário de produtividade do Ministério da Economia, Alexandre Ywata, esse é um bom momento para as pequenas empresas locais investirem para entrarem no processo produtivo das gigantes do setor.
— Com os problemas atuais, começou a se discutir muito como trazer parte da produção global para países em que há mais relações externas seguras, e o Brasil é um deles. Inclusive, vamos publicar uma medida para incentivar a indústria de semicondutores. Essa reorganização geopolítica vai trazer novas oportunidades para o país — comenta Ywata.
É o que o setor vem chamando de "reposicionamento global das cadeias de valor".
— Estamos ouvindo muito a percepção de que esse é o momento oportuno para grandes empresas olharem para os pequenos negócios locais. A gente teve a questão da pandemia, tivemos problemas de desabastecimento. Cada vez mais, o mercado está começando a perceber a necessidade de um fornecedor mais próximo. O Brasil está muito próximo dos Estados Unidos, da Europa. Dois mercados grandes. O Brasil tem vantagens para fazer esse movimento para termos grandes plantas com fornecedores locais. E aqui, como falei há uma aposta forte em sustentabilidade — explica Rissete.
Apesar da oportunidade, ainda há vários gargalos que ainda precisam ser combatidos para que esse reposicionamento ganhe tração. Para o diretor de competitividade do Sebrae do Rio Grande do Sul, Fábio Krieger, deve haver melhorias que vão do nível de qualificação e profissionalização de processos até a segurança sanitária, a depender do setor. Também precisa olhar, como já foi dito, para a competitividade.
Nesse quesito, volta-se a falar sobre usar a sustentabilidade como um diferencial. Inclusive, em um dos painéis que a coluna participou, a gerente de sustentabilidade global da Suzano , uma das maiores empresas de celulose do mundo, Letícia Kawanami comentou que a companhia tem procurado por fornecedores que estejam, assim como eles, em um processo de descarbonização. Segundo ela, a gigante precisará da ajuda das pequenas e médias empresas para bater suas próprias metas de redução de emissão de carbono.
— Hoje, as empresas não darão conta de seus desafios se não envolverem os pequenos negócios. É um jogo que se discute muito entre as grandes empresas, mas que muitas vezes não chega nos pequenos, e está cada vez mais evidente que precisa romper essa barreira. Toda cadeia de produção precisa ajudar a suprir esse desafio ambiental — analisa Rissete.
Mas como uma pequena empresa pode entrar nesse processo? Começando pelos pequenos movimentos.
— O simples ajuste de processo em que você reduz o desperdício, você já está diminuindo o número de horas de trabalho, o número de horas de máquina, está reduzindo o consumo de energia, isso repercute na sustentabilidade e melhora o posicionamento. Às vezes, se olhar de ponto de vista mais geral, o desafio pode desestimular. Você tem que encarar com pequenos avanços. São pequenas atitudes.
Veja aqui três dicas para pequenos negócios aplicarem ações ambientais, sociais e de governança nas empresas: Ambiental, social e governança: três dicas para pequenos negócios implementarem ESG
*A coluna acompanhou o Fórum Encadear a convite do Sebrae.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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