Grupo que reúne empresas, governo, universidades e sociedade para pensar no desenvolvimento do Rio Grande do Sul, o Transforma RS está com um trabalho específico para o turismo no Estado. O hub já reuniu agentes importantes do turismo, como entidades e empresários, e trabalha para desenvolver um plano estratégico, a ser aplicado nos próximos 10 anos. No trabalho inicial, já identificaram os pontos fortes e fracos do turismo regional e quais são as oportunidades. À frente desse projeto está Gabriela Schwan, empresária e CEO da rede de hotéis Swan. Ela conversou com o programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, e contou mais sobre como estão trabalhando para transformação do turismo. Confira:
Qual é o seu papel à frente da transformação do turismo aqui no Rio Grande do Sul? E o que deve acontecer nos próximos anos?
O Transforma RS é um hub colaborativo com o intuito de fomentar e aumentar a competitividade do Estado. Quando a gente iniciou o trabalho, o governo nos apresentou resultado de algumas consultorias, e lá já apresentava o turismo em terceiro lugar como um potencial competidor para o Rio Grande do Sul. Naquele momento pensei "é a minha área, o meu conhecimento, é por aqui que posso contribuir". Ao longo da construção do hub, decidimos trabalhar com alguns eixos, e o turismo é um deles. Então eu estou hoje a frente do projeto de turismo, que tem a intenção de ser colaborativo entre a iniciativa privada, as associações, as universidades e o governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Vocês têm um cronograma de projetos para que haja resultados efetivos para o turismo do Rio Grande do Sul. Inclusive alguns já agora, no segundo e terceiro trimestre. Quais as iniciativas que já estão idealizadas e engatilhadas?
A gente está bem dentro do cronograma. Já fizemos os eventos, nos conectamos com os atores do turismo do Estado. Já estamos no quinto encontro. Está bem interessante, o pessoal faz questão de estar presente e participar. A gente já mapeou todos os pontos fortes, os pontos fracos e oportunidade de melhoria.
E quais são?
Nos pontos fortes, identificamos a nossa diversidade cultural. Tanto na questão da cultura gaúcha, alemã, italiana, por exemplo. A gente também tem, agora, Porto Alegre se destacando com uma cultura cosmopolita, associada à inovação. A gente também identificou a região de Gramado, que nos surpreende porque é o segundo principal destino de turismo do Brasil hoje. A gente tem oportunidades, em função dos destinos de natureza, de colocar o Rio Grande do Sul em primeiro lugar no turismo. A gente não tem dúvida alguma sobre isso. Fora o ambiente de inovação, né? Como o South Summit, um momento único para o Estado, já confirmado para março do ano que vem. Estamos em um momento muito diferente, porque o turismo não é só lazer. O principal turismo do Rio Grande do Sul é o turismo de negócios, que hoje não é mensurado, e a gente precisa ver como uma grande oportunidade. Faziam 16 anos que nós não tínhamos uma secretaria exclusiva para essa área e agora estamos indo para o terceiro ano com essa secretaria. E nesses três anos de trabalho, a gente já recebeu R$ 176 milhões do Avançar no Turismo, mesmo sem um plano estratégico traçado. Imagina a gente organizando tudo isso, o que a gente pode atingir?
Que cidades podem ser exemplo? Sabemos de Gramado, aos poucos Bento Gonçalves, mas quais os exemplos, não só daqui, mas que se busca pelo Brasil e pelo mundo para trazer para as outras regiões do Rio Grande do Sul?
A gente tem uma grande oportunidade agora com as concessões dos parques, como Parque do Caracol e do Tainhas e dos cânions de Cambará do Sul. É uma área que vai desenvolver muito, vai se tornar bastante importante para o Estado. Isso significa que lá das Hortênsias até os cânions, com certeza, vai ser uma região inteira de desenvolvimento. Hoje a gente ia muito até São Francisco de Paula. Agora, São Francisco de Paula já vem com diversos projetos privados em andamento, e isso vai se ampliando. Assim como a região das Hortênsias, se amplia lá pra Bento Gonçalves muito claramente. Tem também a Região das Oliveiras se destacando. Então a gente começa a perceber que o turismo de natureza ligado eventualmente como um turismo de agricultura aqui no Rio Grande do Sul vai se tornar um grande destaque.
Tu falas na questão das oliveiras, no turismo de agricultura, citou também a questão da tecnologia, então é união de atividades econômicas. Consegue listar para nós alguma iniciativa que vocês já tenham definido que vão fazer?
A articulação dos atores importantes a gente já fez, e tem trabalhado com a convergência entre todos eles. O próximo passo vai ser um evento de integração de todos esses atores do ecoturismo para a gente se informar. É um hub colaborativo com parcerias de todo o ecossistema. Por exemplo, o Sebrae já está junto conosco desde o início e já está finalizando um estudo do comportamento do turista do Rio Grande do Sul. A gente vai analisar o que o turista espera do Rio Grande do Sul. O que busca consumir, quais os destinos que eles desejam, que tipo de atividade esperam encontrar. A gente vai começar a fazer um mapeamento de dados pra realmente trazer, como meta final, um planejamento estratégico de longo prazo que norteie tanto a iniciativa privada, tanto como a iniciativa pública, os próximos 10 anos.
Quais são, na sua opinião, as regiões que têm um potencial turístico muito grande e que não está desenvolvido?
A gente tem diversas, o Rio Grande do Sul tem uma riqueza gigante. O que a gente tem conversado muito nesses encontros, é que o governo, e até mesmo o Sebrae, tem que atender a todo mundo. Então o Observatório de Turismo vai medir e nos dizer os potenciais destinos que têm chance de crescimento. Às vezes tem uma uma cascata linda, uma caverna de pedra, mas não tem as outras áreas do ecossistema da área de desenvolvimento. Não tem estrada, não tem uma lei de incentivo para fomentar o comércio. Precisa uma série de atores envolvidos para definir realmente quais são os destinos que têm chance de desenvolvimento mais rápido em um prazo de 10 anos.
Na tua opinião, quais seriam esses destinos?
Eu acho que São Francisco de Paula, sem sombra de dúvida, é a bola da vez no Estado, e os cânions. A gente tem lá para o Sul, também, pegando a região de Rio Grande, a Costa Doce, um potencial de desenvolvimento do turismo de negócios e de inovação.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens, João Augusto Machado, mandou para nós aqui "É o que eu digo: turismo não é só as nossas viagens, mas também receber as pessoas aqui. Falta ainda unir todo mundo, agências de viagens, hotéis, cidades, governo. Turismo tem que ser prioridade, tomara que siga sendo". Então essa união é um dos objetivos do Transforma?
Sim, e é impressionante como isso está acontecendo. A gente percebe entre os atores uma sede de que isso aconteça e eu acho que a gente está num momento muito propício para isso. O exemplo do que aconteceu em Porto Alegre, com o o South Summit, com o Cais Embarcadero, fica muito evidente a união de governo, a união de associações, a união da iniciativa privada. É um momento muito favorável com exemplos acontecendo agora ou recentemente. O pessoal do turismo está carente, já recebeu muitas promessas com poucos resultados. É um momento bem adequado para gente dar esse avanço. Na qualificação de mão de obra, a gente tem um desafio bastante grande. Somos o segundo maior destino do Brasil, e quase não temos mais cursos de hotelaria ou de hospitalidade. É muito importante quando as pessoas entendem que a hospitalidade é o cartão de visitas de qualquer pessoa que vem de fora. Isso está faltando bastante para nós.
Mais do projeto
A coluna teve acesso ao projeto com os primeiros resultados do Transforma RS para o turismo. Viu um mapa que apontava os pontos fortes do turismo no Rio Grande do Sul, como ecossistema de inovação, turismo cervejeiro, diversidade de biomas e até mesmo o fato de termos quatro estações climáticas bem definidas. Também há lista de pontos negativos, entre eles orçamento e falta de mão de obra qualificada.
Por fim, há também uma indicação curiosa, que é o sonho do projeto: transformar o Estado no mais visitado do Brasil. Para isso, há algumas ações, como analisar pesquisas, integrar ecossistemas e olhar para vários modelos de turismo, inclusive de negócios.
Ouça a entrevista na íntegra:
Colaborou Vitor Netto
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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