Muito mais do que o país ter fechado 2021 com uma inflação de dois dígitos pela primeira vez desde 2015, o grande problema é ser um aumento espraiado de preços. O IPCA de 10,06% foi puxado, principalmente, por alta de combustíveis, automóveis, conta de luz e gás. Porém, várias outras despesas trazem altas preocupantes.
Em parte, isso se deve ao efeito em cascata mesmo do aumento de preços. Empresas usam combustíveis e luz, repassando as elevações a seus produtos. Também há pressão no setor de serviços, que represou reajustes em 2020 por conta da pandemia, mas não conseguiu mais.
Essa disseminação deixa tudo mais difícil. Com isso, o economista Alexandre Schwartzman projetou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, que a taxa de juro Selic chegará a 12%. Definida pelo Banco Central, ela já subiu de 2% para 9,25% em menos de um ano para controlar a inflação.
Em 2020, os preços dos alimentos subiram quase o triplo do que inflação geral. Agora, aumentaram bem menos do que o IPCA, porém são elevações em cima de uma base alta (e que impactam, principalmente, famílias de baixa renda).
No ano anterior, os indicadores de atacado já apontavam que acabaria chegando ao consumidor. Consultor da Fecomércio-RS, o economista Marcelo Portugal dizia que os IGPs (índices de preços de atacado) estavam "grávidos" dos IPCs (índices de preços ao consumidores). Pois o nascimento foi em 2021.
A difusão da alta de preços também preocupa o economista João Fernandes, da Quantitas Asset. Segundo seu monitoramento mensal, está na máxima histórica.
- Foi um dos aspectos mais negativos do número, vindo muito acima do esperado e na máxima histórica. O movimento foi puxado tanto por bens, quanto por serviços, mostrando uma inflação bastante disseminada.
E prepare-se porque a inflação de 2021 entra em 2022. Os indicadores são usados em reajustes, como salários e tarifas públicas. Com isso, a alta de preços se retroalimenta ainda por um bom tempo.
Ouça entrevistas sobre o assunto:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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