Empresa chinesa de tecnologia com atuação no Brasil desde 2019, a Xiaomi está lançando dois novos celulares no mercado brasileiro, onde já colocou 30 smartphones entre mais de 400 produtos. No Rio Grande do Sul, a pandemia turbinou a venda de balanças e de aspiradores-robôs. A gigante da China tem ensaiado até a entrada no mercado de carros elétricos, com um investimento recente de US$ 1,5 bilhão em desenvolvimento no segmento. Tendência de consumo dos gaúchos e novidades da empresa foram pauta do programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha), que entrevistou Luciano Barbosa, gerente do projeto Xiaomi Brasil. Confira:
Qual a estrutura da empresa?
A Xiaomi nasceu em 2010 na China como uma empresa de software. Na época, o Android tinha poucas funções, e ela veio para melhorá-las. Um ano depois, criou-se o primeiro celular. Dando sequência, os aparelhos foram melhorando cada vez mais, sempre trabalhando em conjunto com os consumidores. Por volta de 2014, alguns produtos começaram a ganhar vida fora da China. E aí, por natureza, nasceu-se uma operação internacional. De lá para cá, já são mais de 4 mil produtos desenvolvidos, sendo mais de 2 mil produtos ativos, hoje. A Xiaomi já entrou em mais de 86 países. Um deles é o Brasil, onde a operação começou em junho de 2019 com suporte do grupo nacional DL, que está aqui há mais de 16 anos. Já são 30 smartphones em 23 meses, dentro de mais de 400 produtos. Trabalhamos principalmente nesses dois pilares: smartphones e ecossistema de produtos, que vão de pulseira a fone de ouvido, caixa de som, roteadores, guarda-chuva automático, mochila, entre muitos outros produtos.
Há a visão de que a Xiaomi busca agregar alta tecnologia com preços mais baixos. É isso?
A Xiaomi global sempre teve uma relação muito positiva de custo-benefício. Existe um compromisso público do CEO de que a empresa e parceiros devem trabalhar com margens mínimas, de, no máximo, 5%. Outro ponto é que a empresa nasceu com pouquíssimo investimento em marketing, mas entregando um bom produto para que o "boca a boca" aconteça. Um terceiro pilar é a proximidade com os fãs da marca. Globalmente, a relação custo-benefício sempre foi muito forte. Aqui no Brasil, temos a particularidade dos impostos. Para se ter uma ideia, em importação, PIS COFINS, ICMS e IPI, dão quase 60%. A carga tributária no Brasil é pesada e acabou fazendo com que a marca, aqui no país, se posicionasse, por exemplo, como uma Zara, que é conhecida lá fora pelo custo-benefício e, aqui no Brasil, chegou com um mote mais premium.
O câmbio interfere também?
Muito. O dólar é igual para todo mundo, mas interfere menos em empresas que fabricam aqui no país. Como importamos 100% do produto, ele nos atinge 100%. Outra coisa que impacta globalmente hoje é a falta de matéria-prima. Construção civil e ramo automobilístico aumentaram preços e não ficamos de fora nos eletrônicos.
Como ficou o consumo com a pandemia?
Sentimos uma demanda muito reprimida. Fizemos alguns estudos e, hoje, o brasileiro não tem onde gastar seu dinheiro. Antigamente, ele ia no restaurante, fazia uma viagem, ia no teatro, no cinema. Hoje, basicamente, ele está concentrando em reformar a casa, adquirir um imóvel, trocar o veículo e em compras online, onde percebemos que estão adquirindo produtos mais premium.
O que os gaúchos têm comprado mais da Xiaomi?
No Rio Grande do Sul, tivemos aumento de 400% nas vendas dos robôs que são aspiradores. Foi um crescimento maior do que os 300% do Sudeste, por exemplo. Nos chamou a atenção, especialmente no início da pandemia, a procura por produtos para usar dentro de casa. O aspirador é configurado pelo celular e fica limpando a sua casa sozinho. Tivemos até dificuldade de abastecimento, mas fizemos um grande estoque porque imaginávamos que teria venda. E esse crescimento de 400% é de abril do ano passado a março deste ano. Não é só um pico, porque teve mês que chegou a ter alta de 900%. Percebemos também que o público continua pensando na saúde. O item mais vendido no Rio Grande do Sul neste ano foi a balança. Temos ainda um óculos contra raios azuis para quem fica olhando muito para a tela, que explodiram de vendas até junho do ano passado. Outro destaque foi na iluminação, como lâmpadas, abajures e luminárias inteligentes. E percebemos aumento do e-commerce, mesmo sem as restrições ao comércio físico.
Como vocês vendem?
Praticamente 70% é no varejo físico, como Casas Bahia, Magazine Luiza e Pernambucanas, além de redes regionais. Temos temos também duas lojas conceito em São Paulo. A expansão desse modelo foi pausada na pandemia. Temos ainda o e-commerce próprio, que é o mibrasil.com.br, além da venda em marketplaces, com uma operação logística em São Paulo. Para fechar, trabalhamos também com a operadora.
Vocês sofrem com sites e importações ilegais?
Sim, tem o mercado cinza, quando o produto chega aqui de maneira irregular. Todos os itens Xiaomi importados e classificados pela Receita Federal vêm pela DL, com caixinha, dados e manual em português. Mas estamos notando uma ação mais forte dos órgãos competentes.
Ouça a entrevista no programa Acerto de Contas (domingo, 6h, na Rádio Gaúcha):
Dois novos celulares no mercado:
A Xiaomi está lançando no mercado duas novas versões da sua linha de smartphones Redmi note. São os modelos Redmi Note 10 Pro e Redmi Note 10S. Os destaques dos aparelhos, segundo Luciano Barbosa, são o conjunto de quatro câmeras, carregamento rápido e bateria duradora, que pode deixar o celular funcionando por mais de dois dias. A empresa afirma ainda que é possível fazer uma recarga completa no celular em apenas uma hora. Entre as outras funcionalidades, há uma tela com tecnologia chamada de AMOLED, que demanda menos energia e apresenta cores mais vivas e alto-faltante duplo. Os preços vão de R$ 2.799,99 para o Redmi note 10S com 64GB de memória a R$ 3.399,99 para o Redmi Note 10 Pro com 128 GB de memória. A versão premium já está disponível no mercado e o 10S terá suas vendas disponibilizadas em breve.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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