O crescimento de 7,7% do PIB no terceiro sobre o segundo trimestre foi o maior já registrado pela pesquisa do IBGE. Também fez o país sair da chamada recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de retração na economia. Mas o indicador foi frustrante. Um avanço forte era óbvio, após o tombo do trimestre anterior, atingido pelo maior impacto da pandemia na economia.
O mercado esperava um crescimento de 9%. Além disso, projetava uma queda menos intensa na comparação com o terceiro trimestre de 2019. Veio um recuo de 3,9%, enquanto se previa -3,5%.
Parece uma diferença pequena, mas não é. Faz uma mudança significativa nas projeções e, portanto, levará a revisão nas projeções para o quarto trimestre, fechamento do ano e até para 2021. Além disso, atrasa a recuperação das perdas econômicas geradas pela pandemia, sendo que o início do ano ainda estava abaixo dos picos históricos econômicos do país.
Até mesmo a questão da recessão precisa ser ponderada. Por mais que a recessão técnica tenha sido encerrada, isso não quer dizer que o país saiu do ciclo recessivo. Isso exige um prazo maior de observação.
Alguns indicadores vinham alertando para a perda no fôlego de retomada no final do ano. Entre eles, João Fernandes, da Quantitas Asset, alertava para um crescimento menor na produção de veículos, papel ondulado usado em embalagens e também tráfego de caminhões nas rodovias.
A falta de insumos e aumento de preços travam a retomada da economia, o que deve melhorar a partir de 2021. A pesquisa do IBGE trouxe um crescimento de 11% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que aponta o investimento privado feito por empresas nos seus negócios. Em relação a 2019, no entanto, a queda é de 7,8%.
O mercado de trabalho também precisa reagir mais. Há um receio com a passagem do Natal, e o que isso provocará no comércio. Se teremos fechamento de empresas e desempenho maior. A imunização da população brasileira ainda não tem previsão de ocorrer.
Entendendo o crescimento de +7,7% e a decepção para o mercado, segundo análise do economista João Fernandes:
- Agropecuária ficou negativa, sendo a principal surpresa para baixo.
- Construção civil cresceu menos que a média da indústria, nosso 9% tinha implícito algo maior.
- Serviços e comércio tiveram um desempenho mais alinhado com a recuperação que os monitores mensais apontavam.
- Exportação ficou negativa, pela ótica da demanda foi a principal surpresa para baixo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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