Aplicações financeiras consideradas conservadoras, o saldo do títulos públicos está assustando os investidores. Ele mostra, nos últimos 30 dias mais ou menos, rentabilidade negativa, mais conhecida como prejuízo mesmo. Em alguns casos, a perda superou o Ibovespa, o índice das ações mais negociadas na bolsa de valores de São Paulo, a B3. Não é a primeira e nem a última vez que isso ocorre. Os motivos estão relacionados ao cenário econômico, que atinge quem investe em títulos públicos pelo Tesouro Direto e também via fundos de investimento, que, às vezes, ainda cobram taxas de administração que provocam perda ainda maior do dinheiro aplicado.
Mas o que está acontecendo agora? Sócio e gestor de fundos da Quantitas Asset, Rogério Braga aponta duas causas para o movimento agora. Uma delas é o aumento no chamado prêmio de risco com investidores embolsando lucros e as bolsas mundiais caindo. Com isso, as taxas sobem e o preço do título cai. Isso significa que os investidores estão pagando menos pelos papéis, provocando essa redução no preço no processo chamado de marcação a mercado e aparecendo um saldo menor no extrato da aplicação financeira.
Há até mesmo influência do temos com as contas públicas do Brasil, e isso seria a segunda causa. Com receio da situação fiscal e aumento dos gastos, também aumenta o prêmio de risco para médio e longo prazo. Isso gera o mesmo impacto de redução de preço pago pelos títulos.
- O governo federal gastou muito. Gastou uma Reforma da Previdência inteira para mitigar efeitos do coronavírus na economia. Por isso, emitiu muito título, aumentando oferta e reduzindo preços - comenta Braga, da Quantitas Asset.
Mas o que fazer? Se o investidor pretende segurar o título do Tesouro até o vencimento, é melhor nem olhar o extrato nessas épocas de baixa. O especialista Rogério Braga, inclusive, afasta risco de calote diz que o investidor não deve se preocupar com isso. Então, é melhor esperar o ajuste que sempre acontece, fazendo o investimento recuperar as perdas.
Sobre quais as apostas do momento, Braga diz que não teria títulos pré-fixados com prazos muito longos. A emissão grande de moeda feita pelo governo federal pode provocar risco inflacionário daqui a cinco ou até 10 anos.
- O investidor pode aproveitar o IPCA com vencimento em 2035 sem pagamento de juros semestrais. No final de agosto, pagava IPCA +3,4% e agora tem com IPCA +4,15%.
São juros atrativos neste cenário da economia. Além disso, o investidor fica protegido de um eventual processo inflacionário.
- Não recomendo título Selic. A remuneração fica baixa tirando custos de Imposto de Renda e custos de custódia. Fica abaixo da inflação no curto prazo, ou seja, o dinheiro perde poder de compra.
E para quem precisará do dinheiro no curto prazo?
- Aí, pode ser tesouro Selic ou pré-fixado 2023, com taxa gerando 4,70% ao ano.
Lembre-se que a Selic baixa também afeta a poupança. Com a taxa de 2% atual e que deve ser mantida pelo Banco Central, a rentabilidade da caderneta está em 1,4% ao ano e mais nada. Ou seja, abaixo da inflação prevista, que gira em torno de 2% atualmente.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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