Com sede em Porto Alegre, o escritório Carpena Advogados está no meio da polêmica envolvendo empréstimos da Smiles para a Gol. Os advogados Márcio Louzada Carpena e Cesar Augusto Fagundes Verch representam os acionistas minoritários, que estão descontentes com o crédito que consideram barato demais.
Para entender, a Gol é controladora da Smiles com 52% do capital. Com a crise da pandemia, a companhia aérea está buscando crédito para manter a operação. A Smiles, por sua vez, tem um fundo de R$ 1,4 bilhão e gera de caixa R$ 100 milhões ao mês. A Gol, então, tomou R$ 425 milhões com taxa de 115% do CDI, cerca de 3,5% ao ano.
- É juro muito baixo. Isso fere o estatuto da Smiles, que permite emprestar à Gol apenas a taxas de mercado, o que seria cerca de 25% mais inflação. Prejudica os acionistas da Smiles - argumenta Carpena.
Os minoritários notificaram a Gol nesta segunda-feira (6), pedindo devolução do dinheiro - o que é bastante difícil -, que não seja concedido um novo empréstimo de R$ 400 milhões que vem sendo alinhavado e até a responsabilização de administradores que conduzem as operações. Só que, minutos depois, ambas as companhias enviaram um comunicado ao mercado informando de uma operação na qual a Smiles vai adquirir R$ 1,2 bilhão em passagens antecipadas da Gol, com descontos previamente acordados. Ou seja, mais ainda do que temiam os investidores.
- Entregando todo o caixa na mão da Gol. Isso é um absurdo.
No comunicado, a Smiles ressalta a relação financeira e comercial umbilical das empresas. Diz que a operação é estratégica para fortalecimento da Gol, sua principal parceira comercial e operacional:
"(...) e companhia com a qual ela tem uma interdependência intensa, em um momento ímpar de instabilidade”.
Ações das cias
A coluna pediu para a Quantitas Asset os valores das ações das duas empresas. Antes da pandemia, a Smiles estava a R$ 40, caiu para R$ 10 e agora está em R$ 15. Já a Gol era vendida a R$ 35, recuou para R$ 5 e está em R$ 20. Ou seja, os papéis de ambas sangram na crise.
Escritório
O escritório Carpena Advogados também atua na recuperação judicial da Paquetá, uma das mais fortes em andamento aqui no Rio Grande do Sul. Relembre o que a coluna publicou recentemente sobre o assunto: Paquetá fecha fábrica, mas nega falência e segue operando nas outras unidades
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da colunista