Após a disparada do final de 2019, puxada pelas exportações, e um pequeno recuo em janeiro, o preço da carne caiu a ponto de puxar toda a cesta básica de Porto Alegre para baixo. A pesquisa do Dieese considera 13 produtos e o quilo da carne bovina ficou mais barata - ou menos cara - em todas as capitais do país em fevereiro.
As quedas de preços variaram entre -5,03%, em Aracaju (SE), e -0,10%, em Florianópolis (SC). No Rio Grande do Sul, a redução foi de 4,1%. Segundo a técnica da instituição, Daniela Sandi, é o item de maior peso no gasto mensal e, portanto, no cálculo da cesta básica.
— A carne representa cerca de 43% do gasto.
Em janeiro, a carne caiu 0,83% em Porto Alegre. Só que, em dezembro, tinha subido 21,76%.
Já em 12 meses, a alta ainda é forte. A carne está 20% mais cara do que em fevereiro do ano passado. Pesando bastante, portanto, para que o custo total da cesta básica esteja 9,53% acima do mesmo período, ou seja, aumentando mais do que o dobro da inflação.
— O alto patamar do preço da carne bovina de primeira pode ter reduzido a demanda interna, o que acarretou queda nas cotações dos estabelecimentos comerciais das capitais pesquisadas — supõe o Dieese.
Em fevereiro, a cesta de Porto Alegre registrou queda de 2,02% sobre janeiro. Passou a custar R$ 492,83.
— Batata, banana e café também ajudaram nesse recuo — conta Daniela Sandi.
Na passagem de janeiro para fevereiro, quatro produtos ficaram mais baratos: a banana (-5,18%), a carne (-4.10%), o café (-3,52%) e a batata (-3,18%). Em sentido contrário, nove itens subiram o arroz (+4,41%), o óleo de soja (+3,46%), o feijão (+2,10%), o tomate (+1,82%), a farinha de trigo (+1,31%), o açúcar (+1,21%), o leite (+1,02%), o pão (+0,88%) e a manteiga (+0,43%).
Alívio na inflação
O alívio da queda do preço da carne já apareceu nos indicadores preliminares de inflação. Ainda não saiu o IPCA de fevereiro, que é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e considerado a inflação oficial do país. Mas o alimento, junto da gasolina, deve desacelerar o indicador que subiu forte no último trimestre de 2019. E isso vem em boa hora, já que o dólar em alta exerce pressão sobre os preços também.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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