O último relatório do Banco Central analisando economias regionais destacou o desempenho de alguns Estados do país, incluindo o Rio Grande do Sul. O documento foi apresentado nesta sexta-feira (16) em Porto Alegre, o que fez a autoridade monetária trazer mais detalhes na análise sobre a economia gaúcha. Como de costume, a coluna Acerto de Contas destaca, por tópicos, alguns destaques da análise:
- O crescimento da produção industrial regional tem mostrado mais dinâmica do que a média nacional. A despeito da flutuação do nível de atividade no curto prazo, em horizonte mais longo, o Estado apresenta desempenho superior ao nacional .
- O desempenho é liderado pela indústria automotiva (automóveis, caminhões e ônibus), de produtos de metal (partes de estrutura para parques eólicos, armas e cutelaria) e de máquinas e equipamentos.
- Os indicadores de confiança do comércio apontam deterioração das avaliações dos empresários, mas que permaneceram otimistas.
- Note-se percepções distintas entre o pessimismo das famílias com renda de até dez salários mínimos e o otimismo daquelas com renda maior.
– O Banco Central citou a "debilidade da construção civil", com extinção de 2,5 mil vaga de emprego forma no trimestre. Também lembrou do arrefecimento nas contratações em atividades industriais e de prestação de serviços.
- No crédito para pessoas físicas, destacam-se os empréstimos com consignação em folha, que representam aproximadamente 37% dos créditos livres.
- O desempenho dos produtos básicos refletiu a queda pela metade nas vendas de soja, principalmente para a China, parcialmente compensadas por aumentos nos embarques em fumo, carne de suíno, trigo e milho.
- As exportações de manufaturados foram negativamente impactadas pela redução de 42,0% em automóveis de passageiros, cujo destino principal é a Argentina.
- O Rio Grande do Sul é a quinta economia do país, com o Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 408,65 bilhões em 2016, equivalente a 6,5% do PIB nacional.
- Em 2016, o PIB per capita no Estado atingiu R$ 36,2 mil, 19% superior ao indicador nacional e o sexto maior entre as unidades da federação.
- O valor mais alto foi registrado pelo município de Triunfo, R$ 290 mil, onde está localizado o polo petroquímico.
- A composição do Valor Adicionado Bruto (VAB) do Rio Grande do Sul caracteriza-se pela maior representatividade da indústria e da agropecuária, relativamente ao VAB nacional. No setor de serviços, destacam-se ainda as maiores participações relativas do comércio e do segmento de educação e saúde privados.
- A principal atividade econômica no estado, em termos de VAB, é o setor de serviços (excluindo administração pública), responsável por 52,6% do produto estadual, seguido pela indústria (22,9%), administração pública (14,3%) e agropecuária (10,2%).
- A agropecuária no Rio Grande do Sul caracteriza-se por peso superior ao da média nacional, respectivamente 10,2% e 5,7% (Contas Regionais do IBGE de 2016).
- A indústria gaúcha caracteriza-se por forte concentração na transformação e baixa expressividade da extrativa. As atividades mais representativas do setor fabril são alimentos (principalmente abate e fabricação de produtos de carne); produtos químicos; máquinas e equipamentos (tratores e máquinas para agricultura); veículos automotores, reboques e carrocerias; calçados e couros, e produtos derivados do petróleo.
O Banco Central encerra:
"A economia gaúcha vem apresentando maior dinamismo, comparativamente à média nacional, refletindo o desempenho de segmentos da indústria de transformação e do comércio interno e externo. Todavia, as perspectivas para a economia estadual seguem desafiadoras, uma vez que não se observa retomada disseminada entre os setores e o impacto sobre a renda tem sido limitado pelo ritmo lento de recuperação do emprego. Externamente, o aprofundamento da crise argentina deverá impactar negativamente a economia do RS, em especial a cadeia automotiva."