Além dos impactos sociais e políticos, a crise na Venezuela tem seus reflexos na economia. No caso da balança comercial do Rio Grande do Sul, as exportações para aquele país despencaram.
Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, em 2014, as empresas gaúchas embarcaram US$ 447 milhões para a Venezuela. O faturamento despencou para menos de US$ 56 milhões em 2017. No ano passado, até houve um suspiro de alta, alcançando mais de US$ 145 milhões, mas janeiro de 2019 já está com resultado baixo.
Economista da CDL Porto Alegre, Oscar Frank analisou os dados junto com a coluna Acerto de Contas. Identificou que a alta do ano passado foi puxada pela exportação de arroz do Rio Grande do Sul, gerando um ponto completamente fora da curva do comércio exterior entre os dois países. O Brasil pegou o espaço deixado por Estados Unidos e Argentina na compra do grão após dificuldades de negociação.
Para se ter uma ideia, a exportação gaúcha de arroz em casca em 2018 para a Venezuela alcançou US$ 114 milhões. Em 2017, tinha ficado em apenas US$ 20 mil e, no melhor dos últimos anos, foi de US$ 53 milhões.
A Venezuela não é um destino desprezível, não. No ano passado, representou 0,69% das exportações gaúchas. O Uruguai, aqui do lado, comprou 1,97%.
— Os números da Venezuela realmente assustam. O ano de 2013 foi o último de crescimento da economia. Em 2016, chegou a cair 16,5%. A partir de 2017, são estimativas apenas porque não há número oficial. No entanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta quedas de 14% naquele ano, 18% em 2018 e recessão até 2023 — contextualiza Oscar Frank.
As exportações totais em janeiro para a Venezuela tiveram faturamento inferior a US$ 2 milhões. Ficam 80% abaixo do mesmo mês de 2017.