Fica em Alvorada, na Região Metropolitana, uma fábrica onde são feitas roupas de ginástica que são exportadas para 62 países. Tudo começou em 1996, quando Beatriz Dockhorn criou um site para a marca Bia Brazil e resolveu que seria em três idiomas. Dias depois, recebeu uma encomenda da Costa Rica, de um cliente que mantém até hoje.
- Imagina a dificuldade que era colocar fotos no site com internet discada - lembra a empresária.
Com orgulho, Beatriz disse que foi cobaia. Logo depois de enviar a primeira encomenda para o exterior, foi chamada pelo Ministério de Relações Exteriores. Achou até que a ligação era um trote do irmão brincalhão, mas não era. O ministério queria avisá-la que era a primeira pequena empresária a exportar no Brasil e queriam "usá-la" para criar um programa de incentivo a outros empreendedores.
- Eu disse que tinham me achado nos fundos de casa e que não era pequena. Era micro! Fui a cobaia para a criação da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Mas aprendi muito, inclusive com grandes exportadores gaúchos que me ensinaram nas missões empresariais - enfatiza Beatriz.
Foram anos de erros, mas com mais acertos. Atualmente, a Bia Brazil vende para o exterior 90% da produção. Este número pode mudar já que está nos planos a expansão no Brasil por franquias.
Enquanto isso, Beatriz prepara o embarque de 1,2 mil peças para a Arábia Saudita. Cada caixa foi fiscalizada por pessoas com burcas aqui na fábrica do Rio Grande do Sul. A burocracia vale a pena, segundo ela. Mantém dois centros de distribuição: nos Estados Unidos e em Portugal.
Ao gosto do freguês
Mas como uma marca gaúcha consegue agradar consumidores de tantos países? A dona da Bia Brazil diz que não existe exportação sem customização. As últimas coleções tiveram 100 modelos.
- O londrino não quer rosa, quer cinza. Na Espanha, é diferente. No México, quanto mais colorido, melhor. As mulheres da europa são altas, as japonesas são baixas. O que é igual é a exigência de qualidade.
Beatriz ressalta que o brasileiro tem que aprender a trabalhar com qualidade. No caso de roupa, não pode estragar ao ser lavada com água quente, por exemplo. E outro aviso dela aos iniciantes na exportação:
- Registrem a marca! Demorei para fazê-lo em alguns países, registraram antes e tive que brigar na Justiça e gastar muito dinheiro para recuperar minha marca.
Ouça a entrevista de Beatriz Dockhorn para o programa Acerto de Contas: