A hora de Aécio Neves se aproxima. A de Lula da Silva já chegou. A de Michel Temer só se postergou – a Câmara dos Deputados impediu que prosseguisse, mas agora surge até um coronel arrecadador. Apesar de muita dor, a Justiça caminha, mesmo a passo lento, e descobriu, até, neologismos (como "quadrilhão") para definir os que pervertem a política.
O quadrilhão do PMDB que, junto com o PP, recebeu do PT a tarefa de coordenar a organização criminosa que funcionou com Lula e Dilma, pode até seguir ativo, com seus chefões hoje empoleirados no poder, mas não escapará do Juízo Final. Não me refiro ao da Bíblia, mas ao dos tribunais terráqueos que investigam o grupo áulico do presidente Temer, além dele próprio.
Apesar de muita dor, a Justiça caminha, mesmo a passo lento, e descobriu, até, neologismos (como "quadrilhão") para definir os que pervertem a política
O conluio corrupto entre o público e o privado não surgiu com Lula nem foi monopólio do PT, mas com eles se tornou a única preocupação da tal de "governabilidade". Foi a$$im que a base alugada (sem ser aliada) governou com Lula e com Dilma sendo, de fato, um amontoado de espertalhões fantasiados de partidos políticos.
Agora, numa orgia de siglas, as donzelas apelidadas de "base aliada" desfilam nuas, exibindo as formas para alugar espaços na TV na campanha eleitoral. E o PSDB treme, com a descoberta em São Paulo de arrecadadores e propinas milionárias.
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Este horror, porém, é um quase-nada comparado a algo que o Congresso forjou em surdina e ocultou até agora, como um ladrão esconde o que roubou. Eu mesmo, embora atento, só despertei para a burla pelo que a presidente da Ajuris, juíza Vera Lúcia Deboni, revelou aqui dias atrás: Temer vai transformar em lei um projeto que proíbe (sim, "proíbe") que a Justiça e os Tribunais de Contas decidam anular atos ilegais sem, antes, medir as "consequências práticas" dele resultantes.
Ou seja: se os bilhõe$ roubado$ à Petrobras resultaram em prejuízo e outras "consequências práticas", deixa de ser roubo…
O absurdo é a maldição em si: vindo do Senado, o projeto de lei jamais foi debatido nem votado pela Câmara dos Deputados. Foi apenas aprovado na Comissão de Justiça e enviado ao presidente da República numa brecha do "regimento interno" que a politicalha usa em proveito próprio.
Quiséramos todos ser otimistas. Mas, em quem confiar se até os bem remunerados juízes - guardiães e depositários da esperança na lei – não abrem mão do tal "auxílio moradia" e "ajuda alimentação", que superam o salário de uma professora?
Desculpem, mas a "hora h" é agora.