Nos enlouquecidos anos dourados anteriores à Segunda Guerra Mundial, na Europa, a jogatina era um acontecimento e os cassinos quase um templo. Lá se deixava até a alma. Os grandes cassinos tinham salas reservadas aos suicidas, com revólver e pistola já carregados, à disposição de quem perdesse tudo na roleta ou no bacará.
O Estado moderno se estruturou para ordenar a vida e as atividades em comum dos cidadãos. Não para atendê-los com o$ cifrõe$ que a perver$ão pode dar ao Estado.
É isto que querem aqui com a volta dos cassinos? Que significado social tem legalizar a jogatina?
Sabemos o que significa abrir uma escola, um hospital, uma indústria, um comércio, seja um pequeno armazém ou grande loja ou supermercado. Ou arar o campo, ter um eletricista, marceneiro, mecânico e semelhantes. Tudo isto são serviços úteis. Mas, a jogatina dos cassinos e casas de bingo, que benefícios presta à comunidade?
Nenhum! Ao contrário, em vez de beneficiar, perverte a visão da vida. A jogatina tem aquele oculto poder de feitiçaria do vício, que – como a droga – nos subjuga. Isto é visível até nos jogos inocentes, como as várias loterias que abundam entre nós. Quem não se eletriza ou se excita naquelas "acumuladas" hipermilionárias da mega-sena?
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A ideia demoníaca e absurda de alguns, de ver na legalização dos cassinos a "forma de obter recursos milionários" para os cofres públicos através dos tributos, mostra como perdemos os valores éticos. Seguindo a mesma linha absurda, por que não legalizar diretamente o roubo pelo pagamento de altos impostos?
Já pensaram o que o Estado arrecadaria nos assaltos à CEEE, ao Detran e outros mais? Ou no roubo à Petrobras?
Já que buscam legalizar o absurdo, por que não incrementar a prostituição, a canalhice, o engano, a mentira e similares, levando-os a pagar impostos? A jogatina dos cassinos, bingos e "maquininhas" é comandada por aparelhos viciados, em que "a casa" não corre riscos. Anos atrás, por exemplo, ao longo do país, a Polícia comprovou que o "grande prêmio" dos bingos ficava sempre com alguém da casa disfarçado de cliente…
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O Estado moderno se estruturou para ordenar a vida e as atividades em comum dos cidadãos. Não para atendê-los com o$ cifrõe$ que a perver$ão pode dar ao Estado.
O secretário de Segurança, meu velho amigo Cezar Schirmer, errou de novo ao sugerir abrir cassinos. Como prefeito de Santa Maria, errou na licença ao ardil de morte que foi a boate Kiss. Isto faz perder a confiança no discernimento do poder público e abre portas ao desastre total.
Jogatina não é desenvolvimento. É vício perverso.