
O segundo turno do Campeonato Brasileiro começa com seis técnicos estrangeiros no comando de equipes do país. Nos últimos meses, após o sucesso de Jorge Jesus no Flamengo, os dirigentes parecem ter uma verdadeira obsessão por profissionais de fora do Brasil.
No momento, a lista é a seguinte: Eduardo Coudet (Inter), Jorge Sampaoli (Atlético-MG), Domènec Torrent (Flamengo), Ricardo Sá Pinto (Vasco), Abel Ferreira (Palmeiras) e Ramón Díaz (Botafogo).
O que se percebe é que alguns diretores sequer cogitam técnicos brasileiros em alguns momentos. Toda a pesquisa é feita em cima de nomes de fora. Foi assim com o Palmeiras, que tentou Miguel Ángel Ramírez e Heinze, antes de fechar com Abel Ferreira.
Por isso, é importante ouvir o que pensam alguns técnicos do país. Aqui no estado, conversei com dois nomes da nova geração, que surgem com grandes trabalhos recentes.
Rafael Jaques comandou o São José-PoA em um momento importante da história do clube. Após treinar o Remo no início do ano, ele está em Porto Alegre analisando o cenário para os próximos meses. Ele falou sobre esta movimentação do mercado.

- Pela nossa cultura, sempre temos a ideia de que tudo que é de fora é melhor, e isto passa a ser uma referência. Claro que tem muita coisa boa lá fora. Em todos os aspectos. Mas aqui também temos coisas boas. Quando um técnico se destaca, como aconteceu com o Roger e Tiago Nunes, surgem vários interessados porque é novidade e fizeram belos trabalhos. E é o que está acontecendo agora com os técnicos estrangeiros. É uma situação nova - comenta Jaques, que acrescenta:
- Outro ponto importante é a gestão dos clubes. As diretorias buscam o "Salvador da Pátria". Mas nem sempre vai dar certo. É um hábito nos nossos clubes e faz parte, até que eles entendam que a continuidade com um bom profissional, capacitado, com boas ideias e honesto, é o melhor caminho. Dentro do campo, eu diria que os técnicos estrangeiros estão ajudando a melhorar os nossos jogadores, no jogo coletivo com e sem a bola. Eles também ajudam a melhorar a velocidade do jogo e a concentração do jogador brasileiro.
Outro técnico que surge com força no Rio Grande do Sul é Thiago Gomes, que comanda o grupo de transição do Grêmio, ajudando a revelar jogadores e conquistando bons resultados dentro de campo.

- Um ponto que me parece importante é que os técnicos de fora chegam aqui e podem trabalhar normalmente. Lá fora é diferente. Por exemplo, quando um técnico brasileiro chega em Portugal, ele tem uma série de restrições, não pode dar entrevista e assinar a súmula se não tiver a licença da UEFA. O tratamento deveria ser igual, o curso da CBF poderia ser uma exigência também. Se a gente pegar o que aconteceu no Palmeiras agora, será que o Cebola, que ficou como interino, não poderia ser o novo Tiago Nunes, que foi campeão pelo Athletico-PR? Mas é claro que a chegada de estrangeiros tem pontos positivos, com filosofias diferentes de trabalho. Os profissionais das comissões permanentes dos clubes tem possibilidade de trabalhar com outros métodos - falou Thiago Gomes.