Em breve, a Restinga terá uma grande notícia. Um ônibus ficará estacionado no bairro servindo até cem almoços por dia. Mas a proposta vai além disso, e não ficará apenas na alimentação. A convicção é de que dar apenas a comida não é o suficiente, é preciso nutrir o corpo e a mente ao mesmo tempo.
Por isso, veio a ideia. Um veículo que seja um restaurante popular e uma biblioteca comunitária. Além das refeições, livros estarão disponíveis dentro do carro, alimentando corpo e mente. O nome escolhido explica tudo: Projeto Fome de Aprender, a solidariedade bem-servida.
O responsável pelo projeto, ou motorista como ele mesmo diz, é o filho mais famoso do bairro, Paulo César Fonseca do Nascimento, conhecido como Tinga. O jogador brilhou em Grêmio, Kawasaki Frontale-JAP, Botafogo, Sporting-POR, Inter, Borussia Dortmund-ALE, Cruzeiro e na Seleção Brasileira.
Hoje, aos 42 anos, administra os negócios sem descuidar do trabalho social. Nesta quinta-feira (6), ele esteve na sede da CBF, no Rio de Janeiro, conversando pessoalmente com Tite, para buscar o seu apoio. O técnico da Seleção Brasileira já está inserido no projeto. Após a reunião, conversei com Tinga, que revelou como surgiu a ideia:
— Começou quando eu estava acompanhando algumas coisas na Marcopolo e pensei em fazer algo envolvendo um ônibus. No mesmo dia, vi uma matéria no Jornal do Almoço, na RBS TV, sobre o fechamento de um restaurante popular no centro. Ali eu coloquei na cabeça que precisava agir. Conversei com amigos e parceiros. A primeira coisa que fiz foi vender uma sala comercial. Com o dinheiro, comprei o ônibus. A Marcopolo ajudou muito e deu toda a mobília que fica dentro. Também comprei uma cozinha, que ainda estou pagando.
Neste momento, estão sendo feitos os ajustes finais para estabelecer a data de início das operações. Inicialmente, o veículo ficará na Restinga, mas, dependendo do apoio recebido, existe a possibilidade de ampliar o projeto:
— Eu sou o motorista e o Tite é o técnico. Agora vamos buscar os jogadores para apoiar o projeto. Mas quero deixar claro que a proposta não é minha. É de todas as pessoas que já ajudaram, todas as conexões que eu fiz. Eu sou o motorista, conecto as pessoas. Tem vários amigos ajudando. A ideia é ampliar o projeto e quem sabe subir para 200 refeições por dia. O conceito é servir. A expansão vai depender de novas ideias, de novos parceiros. Podemos levar para outros lugares em outros turnos, nos finais de semana. Depois do motorista e do técnico, vamos atrás dos demais.