Antônio Carlos Nunes virou presidente da CBF meio que por acaso. Na verdade, mais por necessidade do que por mérito. Marco Polo Del Nero precisava de um vice mais velho do que o seu então desafeto Delfim Peixoto, porque o estatuto da entidade prevê que em caso de saída do mandatário, quem assume é o vice mais velho.
Exatamente o que aconteceu. Del Nero já imaginava que o seu futuro estava ameaçado e acabou banido do futebol pela Fifa. Assim, o Coronel Nunes, aos 80 anos, virou presidente. Ele senta na cadeira, mas que dá as ordens é o ex-comandante, que não pode deixar o Brasil para não ser preso.
Agora o que chama a atenção é quanto ele ganha de salário para receber estas ordens e colecionar gafes, entre elas trocar nomes de dirigentes em eventos oficiais e apertar o botão errado no voto para escolher a sede da Copa de 2026.
Pois vamos lá: o salário de presidente da CBF é de R$ 273 mil mensais. Era este o valor que Del Nero recebia. Em tese, ele não pode receber mais nada, já que está banido, e a quantia teoricamente tem que ficar com o novo presidente.
Mas tem mais. Nunes também é representante brasileiro no Conselho da Conmebol, o que lhe dá direito a mais R$ 75 mil por mês. A entidade está furiosa com ele pelo voto atrapalhado em Moscou e quer retirá-lo do cargo, mas o cartola só sai se quiser. Ou melhor, se Marco Polo quiser.
Pensa que parou por aí? Como ele também é presidente da Federação Paraense de Futebol, tem direito a mais R$ 25 mil mensais.
E, por fim, Coronel Nunes é ex-oficial da PM no Pará e, por isso, ainda recebe R$ 14,7 mil por mês a título de indenização por ter sido perseguido pela ditadura, quando era cabo da aeronáutica, o que não o impediu de ter subido na hierarquia da Polícia Militar e de ter virado logo depois prefeito biônico.