No início deste ano, enquanto conversava com Renato, surgiu o assunto sobre telefone celular. Ele contava mais uma de suas muitas histórias divertidas. Essa era sobre uma viagem do Grêmio em um jogo da Libertadores.
Quando a delegação desembarcou em um país da América do Sul, os jogadores começaram a pegar os seus modernos smartphones para tentar falar com os familiares. Tentaram, tentaram e nada de sinal. Ao ver a cena, o técnico pegou o seu velho aparelho, se encostou em um pilar e fez uma ligação para casa. Ao desligar o telefone, viu todos o olhando surpresos. Foi a deixa que ele precisava para mais uma das suas brincadeiras:
— Vocês estão vendo? O meu aparelho é velho, mas funciona. E o de vocês? Até agora não vi ninguém conseguindo contato aqui!
Quando ele contou essa história, pedi para ver o telefone. Ele mostrou o aparelho, e realmente é um modelo antigo. Imediatamente perguntei pelos aplicativos. Renato me olhou e devolveu a pergunta, e tivemos o seguinte diálogo:
— Mas que aplicativos?
— Whatsapp, por exemplo...
— Não uso Whatsapp.
— Não?
— Nem sei como é!
Depois da conversa, parei para pensar. Renato, ao contrário dos modernos técnicos brasileiros, não viaja para o Exterior para fazer os badalados estágios, joga futevôlei na praia, participa do rachão com os jogadores nas vésperas das partidas e sequer usa whatsapp.
Conduz o vestiário como antigamente, e é o técnico mais vitorioso deste país no momento. Transformou o Grêmio no melhor time da América do Sul, e virou o sonho de consumo do Flamengo. Definitivamente, Renato não precisa estudar, ele precisa é ser estudado.