Estou na Bahia. O mar sussurra na varanda em frente ao hotel. É a velha Praia da Barra, onde o Rusticão – primeiro e infame donatário da Bahia – ergueu a Vila do Pereira, que os tupinambás devastaram, antes de devorá-lo num ruidoso banquete antropofágico. É minha primeira viagem; na verdade quase que a primeira vez que boto o narigão para fora de casa desde aquele famigerado 13 de março de 2020, quando a peste desabou sobre nós. E se aqui estou é não só porque já tomei as duas doses e sigo de máscara como também por estar a trabalho. Um trabalho sublime, por sinal: faço um livro sobre as chamadas joias de crioula, as maravilhosas peças preciosas de ouro e prata feitas e usadas por ex-escravas, forras e libertas, que as portavam como símbolo de sua luta, sua audácia e sua liberdade em terras escravistas.
Cotidiano
O que a Bahia tem
Todo aquele que não nasceu no Rio Grande é um ser inferior
Eduardo Bueno