A doença de Alzheimer é a mais comum das demências. Descrita pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer, em 1906, ganhou popularidade no fim do século 20, época em que grandes massas populacionais ultrapassaram os 60 anos de idade.
A evolução é um contínuo de sintomas que levam à perda da memória e à morte depois de um período variável, com duração média de cerca de seis anos. Menos de 10% dos pacientes sobrevivem mais do que 10 anos.
Nos estágios iniciais, as manifestações incluem falta de atenção, esquecimento de compromissos, de acontecimentos recentes e de onde foram deixados os objetos, e desorientação em lugares e ambientes estranhos.
Com o tempo, aumenta a dificuldade para gravar informações recentes, as confusões se acentuam, as conversas se tornam repetitivas e surgem problemas na fala.
A doença evolui com comportamento agressivo, ansiedade, delírios paranoides, deficiências cognitivas, fadiga, apatia extrema, atrofia muscular, perda de mobilidade e incapacidade de sair da cama e de se alimentar por conta própria.
O Journal of the American Academy of Medicine (JAMA) acaba de publicar um estudo que traz esperança aos mais velhos: o número de americanos que desenvolvem Alzheimer está diminuindo.
O estudo reuniu os dados colhidos em dois inquéritos epidemiológicos: o primeiro conduzido no ano 2000; o segundo, em 2012.
Em cada um deles, foram avaliadas mais de 10 mil pessoas com pelo menos 65 anos de idade. No estudo do ano 2000, sofriam de Alzheimer ou outro tipo de demência 11,6% dos participantes. No de 2012, esse número caiu para 8,8%.
Com base nessa queda, John Haaga, diretor do National Institute on Aging, instituição que financiou o estudo, calculou que, se em 2012 os números tivessem permanecido iguais aos de 2000, teria ocorrido mais de 1 milhão de casos de demência a mais.
No Brasil, não são poucos os que cursaram a universidade, mas fogem dos livros como diabo da cruz.
Enquanto a prevalência diminuiu quase 3% no período, a escolaridade média dos participantes aumentou de 11,8 anos para 12,7 anos.
Não há consenso para explicar por que a escolaridade exerceria esse efeito protetor. Kenneth Langa, professor de Medicina na Universidade de Michigan, autor principal do estudo, atribui o benefício ao seguinte mecanismo: “A educação modifica o cérebro, criando conexões mais complexas entre os neurônios, de modo a manter o pensamento íntegro até mais tarde, na vida”.
Os autores não afirmam que a educação seja o único fator capaz de evitar demências. Condições médicas como hipertensão arterial, obesidade, diabetes, colesterol elevado e a presença de doenças cardiovasculares constituem fatores de risco.
Trabalhos realizados entre nós mostram que as demências são mais prevalentes entre os analfabetos e naqueles com baixa escolaridade.
Por estimular diversas áreas cerebrais ao mesmo tempo, a leitura cria conexões mais firmes entre os neurônios dos centros que armazenam as memórias.
A relação entre leitura e escolaridade não é direta. No Brasil, não são poucos os que cursaram a universidade, mas fogem dos livros como diabo da cruz.