A noite deste sábado (5) precisa ficar marcada na história do VAR. Tivemos um grande exemplo de como o recurso eletrônico não deve ser utilizado no empate em 1 a 1 entre Cruzeiro e Inter, no Mineirão, pela 23ª rodada do Brasileirão. Não há como explicar ou justificar o pênalti marcado pelo carioca Wagner do Nascimento Magalhães depois da interferência do árbitro de vídeo Pathrice Wallace Corrêa Maia. O problema é que a avaliação equivocada gerou um erro grave com impacto direto no placar da partida.
Não foi para isso que o VAR foi criado. O recurso não está ali para "procurar pelo em ovo". Além disso, sempre esperamos que um árbitro do quadro da Fifa seja uma referência na capacidade de avaliação. Em tese, eles são os mais preparados. Isso não quer dizer que estejam livres de erros, mas há situações que são inaceitáveis. Se um juiz do quadro internacional comete um equívoco como esse, o que esperar dos que não ostentam tal condição?
Falo com tanta ênfase porque estou analisando um lance em que o árbitro Wagner do Nascimento Magalhães teve totais condições de interpretar dentro de campo. Não houve algo fora da disputa de bola. Não ocorreu uma situação que fugiu ao controle ou que possa ter escapado do campo de visão. O juiz estava perto da jogada e mandou seguir.
A interferência do VAR na jogada está incorreta, pois não estamos falando de um lance que possa justificar um erro claro e óbvio. É mais fácil encontrarmos consenso de que é claro e óbvio que não houve a penalidade do que o contrário. Nesse caso, a interferência do VAR por si só já é um engano.
Não vou nem entrar no debate de que o jogo aceitou a decisão do campo, pois estaria encaminhando a discussão para justificar ou não interferências de acordo com o nível das reclamações dos jogadores. Não é esse o foco.
O que chama atenção é que a natureza do lance não mostra uma ação incisiva de Patrick buscando o contato com Orejuela. Não há clareza alguma neste sentido. O jogador do Inter faz um movimento normal de ocupação de espaço. A partir da aproximação com o adversário, o contato mínimo ocorre. O calcanhar de Orejuela bate na canela de Patrick.
O chefe de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, sempre bateu na tecla de que a régua de interferência do VAR no Brasileirão precisa ser alta. Ou seja, o recurso precisa ser pontual e atuar de forma decisiva para evitar erros claros. Conhecendo a linha de trabalho, tenho certeza de que o que ocorreu no Mineirão não tem nada a ver com as orientações passadas por Gaciba.
Sou totalmente favorável ao VAR e defendo que as pessoas precisam ter paciência com um recurso tão complexo que está em fase de ajustes. Há problemas que podem ser compreendidos e relativizados. O árbitro de vídeo só não pode inventar transtornos que não existiriam sem ele. Por isso, aqui vai um pedido de quem defende esta causa. VAR, me ajuda a te ajudar!