O empate em 1 a 1 entre Grêmio e Flamengo colocou em confronto as duas melhores equipes do Brasil. Não só pelo rendimento, mas também pela efetividade. São quase 200 gols marcados em 2019 se somarmos os dois ataques. Só que o duelo do futebol bem jogado teve um personagem tecnológico. Ninguém foi tão protagonista quanto o VAR. Não é exagero. Três gols anulados do Flamengo tiveram a participação do recurso. Além disso, houve uma revisão para um possível cartão vermelho direto para Michel, mas o argentino Néstor Pitana optou por apresentar somente o amarelo. Considero que o árbitro de vídeo teve uma noite perfeita na partida de ida da semifinal da Libertadores e a história poderia ter sido bem diferente sem ele.
Na etapa inicial foram três lances. O primeiro momento foi para avaliar uma falta clara cometida por Gabigol na origem do gol marcado por Éverton Ribeiro. O empurrão do atacante no zagueiro Kannemann foi indiscutível. Fora da disputa de bola, o jogador do Flamengo colocou as duas mãos no peito do defensor, que foi deslocado da jogada. Pitana olhou no vídeo e anulou corretamente. Não havia outra decisão possível.
O segundo lance com participação importante da arbitragem e do VAR também resultou na anulação de um gol. Mais uma vez, Gabigol era o protagonista da jogada. Importante dizer que o impedimento foi marcado no campo pelo bandeira Juan Pablo Belatti e apenas ratificado pelo árbitro de vídeo. O atacante flamenguista estava com o calcanhar direito à frente. Lance de alto grau de dificuldade, o que valoriza o acerto no campo e justifica o recurso do vídeo para não deixar dúvidas.
A terceira questão é a mais interpretativa de todos. O juiz principal foi chamado para revisar um possível cartão vermelho do volante Michel. Considero que o amarelo tenha sido a punição correta para o volante gremista. O camisão 5 atingiu Gérson com as travas da chuteira, mas há algumas características que direcionam para essa interpretação. Michel não atinge a perna do adversário longe do chão. Ele está com o calcanhar no gramado em consequência de um bote errado. O pisão não é no meio da perna e ele não faz a ação típica de quem tem a conduta violenta. A expulsão seria um exagero pelo contexto do lance.
No segundo tempo, houve outro gol anulado pela arbitragem depois que o Flamengo abriu o placar. Novamente o impedimento foi marcado dentro de campo, mas pelo bandeira Hernan Maidana. Ele percebeu que Gabigol estava à frente do penúltimo defensor e sinalizou a infração. Apesar da demora, o árbitro de vídeo sacramentou a decisão correta de invalidar a jogada.
Se olharmos friamente, o VAR não mudou dois dos gols anulados. A invalidação já tinha sido indicada dentro de campo nos casos de impedimento pelos bandeiras. No entanto, o fato positivo é que a presença do recurso gera o respaldo para legitimar as marcações. O trabalho do recurso eletrônico apareceu efetivamente para perceber a falta clara de Gabigol no primeiro gol e para recomendar a revisão do lance de Michel. As duas situações teriam passado batidas sem o árbitro de vídeo. É para isso que o recurso foi criado. Para dar suporte e salvar a arbitragem quando necessário. Tudo isso ocorreu na Arena do Grêmio de forma correta.