Desde quinta-feira, ocorre em São Paulo o 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Esses encontros anuais organizados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) são momentos de aprendizado para profissionais e estudantes. São dezenas de palestras e oficinas em que se debate o jornalismo profissional por todos os ângulos.
Temas como o impacto da inteligência artificial na comunicação, as complexidades da política no Brasil e no Exterior, os bastidores de reportagens investigativas marcantes nos últimos meses e discussões sobre projetos inovadores e técnicas de apuração estão presentes na programação, que se encerra neste domingo.
Duas palestras contaram com a participação de jornalistas do Grupo RBS. Neste sábado, a repórter da Redação Integrada Letícia Mendes participa de um debate sobre como o jornalismo investigativo pode ser mais bem desempenhado se for tratado como um processo. Letícia, juntamente com outros dois profissionais, fez o programa internacional de capacitação desenvolvido pela Abraji com apoio da embaixada e de consulados dos EUA no Brasil. Durante o curso, os repórteres foram desafiados a formular uma pauta e, posteriormente, a executá-la seguindo todas as etapas recomendadas, que vão da hipótese à narrativa. A reportagem de Letícia, publicada em ZH no início de junho, mostra um levantamento minucioso de todas as mulheres que foram vítimas de feminicídio em 2022. Ao verificar dados da Polícia Civil, chamou atenção da repórter o fato de que cerca de 20% das mulheres assassinadas tinham medida protetiva dos órgãos oficiais. O que havia falhado para que essas mulheres, que deveriam estar protegidas, tivessem sido mortas? Letícia foi atrás dessas respostas e as descobriu.
Já na sexta-feira, participei de uma palestra, junto com outros dois colegas de profissão, sobre como montar uma equipe de repórteres investigativos. O Grupo de Investigação da RBS, o GDI, criado em 2016, foi tema da minha apresentação. O grupo, que em junho deste ano foi renovado, agora sob coordenação do editor-chefe do Diário Gaúcho, Diego Araújo, e com a presença de novos repórteres, virou um exemplo nacional de como valorizar o jornalismo investigativo.
Que venham mais congressos, seminários e debates sobre o jornalismo profissional. É assim que nos aprimoramos e inovamos.