Zebra? Será? Um time que chega às semifinais de uma Copa do Mundo com apenas um gol sofrido não pode mais ser chamado de zebra. Marrocos fez 1 a 0 em Portugal numa clássica bola aérea, ainda no primeiro tempo. Depois, nem Cristiano Ronaldo, vindo do banco de reservas, deu jeito de furar o bloqueio muçulmano, que se postou com linhas de cinco e quatro bem baixas.
Trata-se de uma aula de como atingir objetivos partindo de uma realidade: sou tecnicamente inferior, então tenho de jogar por dois, correr o dobro e seguir uma estratégia com disciplina espartana.
Assim é Marrocos, muito mais surpresa em uma semifinal do que foi a Croácia na decisão contra a França, em 2018. Zyech, atacante e estrela da cia, marca feito lateral. Todos lutam e abrem mão do brilho individual.
A Portugal faltou um matador. Dessa vez, Gonçalo Ramos não foi esse jogador. Nem Cristiano Ronaldo, caso notório da estrela que se apagou. Muitos talentos de armação - João Félix, Bernardo, Cancelo - com pouca volúpia de fazer o gol.
Na noite fria no Al Thumama Stadium, faltou um CR7 que já não existe mais. Mas a história continua, com um país africano pela primeira vez numa semifinal. E um país de raízes muçulmanas, na primeira Copa no Oriente Médio.