O Inter está vendendo uma promessa de 19 anos recém completados para o Bragantino. Que tem o dinheiro da Red Bull por trás, eu sei, mas é o Bragantino, eliminado na terceira fase da Copa do Brasil. O valor é 6 milhões de euros (R$ 37,1 milhões), sendo 60% para o Colorado, mantendo 10% para uma revenda futura.
Não condeno a direção, que obviamente não está fazendo isso por gosto. O clube está quebrado. Precisa correr atrás de R$ 90 milhões em venda de jogadores para respirar esse ano. O ideal seria o sonho utópico de negociar Yuri Alberto com um Barcelona da vida e forrar o cofre sem ter de desfazer assim pingado. Mas o mercado sabe que o Inter está quebrado. Aí estes 6 milhões de euros viram a salvação.
Praxedes foi o craque do título (artigo em falta entre os profissionais) da Copa São Paulo de Juniores. Chamado por Abel Braga na fogueira, na Bombonera, foi peça chave na recuperação que quase levou ao Brasileirão naquela arrancada, freada pelo pênalti não marcado contra o Corinthians.
Praxedes não vinha sendo titular, mas o processo de base é assim: entra, sai, melhora, cai, volta melhor. Os executivos do Bragantino estão em festa, certos de que, em dois anos, o venderão pelo triplo. E o Inter, que há pouco mais de uma década formava em série (Daniel Carvalho, Nilmar, Rafael Sobis, Alexandre Pato, Leandro Damião, Taison) e os vendia por quantias estratosféricas, agora praticamente entrega de graça, e nem dá para culpar os atuais dirigentes, que recém chegaram.
Já está duro de revelar ou descobrir, e quando o Inter consegue achar um nome como Praxedes, tem de vender em seguida. O caminho de João Peglow, campeão mundial sub-17, deve ser o mesmo, para o Porto. A venda de Praxedes é uma notícia triste para a grandeza do Inter, embora necessária pelas circunstâncias. Muito triste. Será longo o caminho colorado para voltar aos bons tempos.