Não precisava ser com tanto sofrimento para segurar o 1 a 0 com o Goiás, mas isso é o que menos importava para o Inter na tarde calorenta de domingo (10). Era um jogo tenso, de pressão, pelas derrotas de São Paulo e Flamengo e por tudo o que o aconteceu na temporada.
O Inter foi dado como morto, mas se reergueu com incrível valentia e já é vice-líder, distante apenas três pontos do São Paulo. Entrou na luta por título.
E entrou na mão de Abel Braga, é preciso dar-lhe o crédito. O Inter que agora surpreende o Brasil nada tem a ver com o de Eduardo Coudet, em termos de ideia.
Não valoriza tanto a posse de bola, tem um atacante velocista e não dois de área na profundidade, abre mão da marcação alta, exibe Moledo soberbo de volta à zaga e, especialmente, é menos implicante com os jovens da base.
Yuri é um dos artilheiros de Abel. Praxedes, autor do gol da vitória, de cabeça, entrava só de vez em quando. Este colunista cansou de defendê-lo mais vezes no time, mas ele recebia poucas chances, quase sempre alguns minutos no segundo tempo. Era óbvio que o futuro possível do Inter estava ali.
Até Marcos Guilherme jogava na linha de meias, e não ele. Caio Vidal nem concentrava. Dourado estaria entrando alguns minutos no segundo tempo até hoje. Enfim: não se trata de um Inter melhor ou pior do que foi lá atrás, mas é fato: Abel conseguiu, enfim, imprimir suas digitais em um Inter eficiente.
E fez isso até muito rápido. O grupo entendeu. Não fosse a covid-19 de Abel, talvez a sorte na Libertadores fosse melhor. É difícil, e muito. Será preciso vencer inimigos diretos, mas o Inter ressuscitou na reta final. Para uma instituição que já vergou o Barcelona em Mundial, convém acreditar sempre. As atuações podem não encher os olhos, mas quem, nessa temporada maluca, consegue firmar uma rotina sólida de ótimas atuações?