Depois de reprovar as contas de Vitorio Piffero, agora o Inter cria uma comissão para investigar o desvio de R$ 9 milhões dos cofres do clube para obras não realizadas no Complexo Beira-Rio. Nos bastidores, fala-se que é mais. Mas fiquemos no divulgado até agora do relatório da Ernst & Young.
Não entendo bem os motivos para uma sindicância interna, do ponto de vista da investigação em si, se uma auditoria independente já percorreu os descaminhos do dinheiro. Se for para dar chance ao ex-presidente de se defender, é uma iniciativa válida. O contraditório é necessário. Por enquanto, o ex-presidente se pronunciou em carta, negando tudo em tom genérico. É pouco.
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É preciso que ele dê explicações amiúde ao Conselho Deliberativo. É tudo muito grave por um motivo, para além do desfalque financeiro e do ilícito com recursos alheios: a causa do rebaixamento estaria aí. Se foi exatamente assim, não há mais dúvidas. O Inter caiu por isso.
Imagine o que a saída desta montanha de dinheiro, mais os milhões buscados em bancos, e também as contratações tão caras como esquisitas (Anderson, Paulo Cezar Magalhães, Ariel, Anselmo) produziram de interrogação no vestiário?
ESCÂNDALO – Depoimentos de bastidores do ano passado apontam para insatisfação dos jogadores por motivos diversos. E o distanciamento com a direção. O que não pode é a sindicância servir para colocar panos quentes, tipo acordão ali adiante. Diálogo e distensão para unir o clube é uma coisa. Acobertar é outra, bem diferente. Se o escândalo for esse mesmo, eis o quadro.
Aguardemos os 30 dias de prazo da sindicância do Inter, que examinará as irregularidades apontadas pela Ernst & Young. Quanto mais transparente for este processo, de acusação e defesa, de preferência com dados, melhor para ao torcedor. Piffero deve ser o maior interessado em mostrar e abrir tudo, imagino. A pergunta final, ao fim e ao cabo, é: onde está o dinheiro?