Enfim, um clássico em que o futebol é o centro das atenções, em vez das agressões de William em Bolaños e Edílson em Dourado, como nos anteriores. Um Gre-nal movimentado, cheio de alternativas táticas e belos gols.
A virada do Inter teve a assinatura de Antônio Carlos Zago. Não apenas por sacar Charles e Carlos (desaparecidos na Arena) e voltar do intervalo com Roberson e Nico López. Nem mesmo por recuar D'Alessandro, ao lado de Dourado e Uendel. O que surpreendeu o Grêmio foi como o Inter atacou e fez os gols: por dentro.
Brenner, Nico, Roberson, Uendel e D'Alessandro se aproximavam trocando passes na direção da zona do funil, como diz Tite. O lugar comum, para furar boas defesas, é abrir o jogo pelo flanco. Zago conquistou vantagem numérica de jogadores por dentro, em tabelas curtas envolventes, tirando a sobra gremista nos lances. Maicon e sua experiência fizeram falta ao Grêmio nessa hora.
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Assim como os gols do Inter, os do Grêmio tiveram a assinatura de Renato. E não só pelas substituições para dar o troco a Zago, especialmente Fernandinho (no lugar de um discreto Michel) em cima de Carlinhos. O lateral colorado já não marca muito inteiro, que dirá pela metade, mancando. A abertura do placar, através de Bolaños, é um contra-ataque de cartilha. E ali estavam todos 100%.
Quando Ramiro pega a bola no próprio campo, Pedro Rocha abre pelo lado e Bolaños imediatamente afunda na direção de Danilo Fernandes, em sincronia perfeita. Se há um elemento que indica times entrosados, bem treinados e com jogadores que sabem como se mover, é a velocidade de execução. O gol veio em um piscar de olhos. Renato ainda terminou o clássico só com Jailson de volante, tentando a vitória. Um baita Gre-Nal.
Equilíbrio
O primeiro tempo, todo do Grêmio. O segundo, do Inter, ao menos até Carlinhos se lesionar e virar peso morto, facilitando a troca de passes do time de Renato.
Os indicadores básicos (posse de bola, finalizações certas, número de passes) apontam para um jogo igual. Uma leve predominância do Grêmio pelo conjunto da obra, sobretudo em razão do primeiro tempo bastante superior. Mas os gols do Inter também foram bem trabalhados, bola no chão, pé em pé, a defesa gremista envolvida.
Os destaques do Inter
Além de Brenner, que conquistou seu lugar no time na marra, com um gol atrás do outro (já são sete no ano: é o artilheiro), Roberson calou os críticos, eu entre eles. Afirmei que ele não vinha justificando chance em Gre-Nal. Sigo achando que não tinha mesmo, mas é mais do que justo um aplauso.
Ele entrou com personalidade e bola no corpo, comparecendo no placar e participando dos gols do Inter. Mostrou versatilidade. Nico López, que começa o lance do primeiro gol, também foi decisivo. Será difícil mantê-lo na reserva.
Destaques do Grêmio
Marcelo Oliveira e Leo Moura fizeram suas melhores partidas. Ouvi críticas a Luan, mas discordo delas. Individualmente ele pode não ter ido tão bem, mas o seu revezamento com Bolaños ajudou o equatoriano a não ficar sempre de costas para o lance, lá na frente. Em vários momentos Luan foi armador de qualidade.
A temporada de Ramiro já o coloca noutro patamar. É um faz-tudo em alto nível, com rara leitura de jogo. O passe para Pedro Rocha no lance do gol de prova disso. Ele nem olha para o companheiro e já o lança.
Nota 10
Para Miller Bolaños. Se no ano passado R$ 20 milhões por 70% de seus direitos era caro, agora é bagatela. Está jogando muito, com direito a certos momentos de craque.
Fator D'Ale
A disciplina de D'Alessandro para cumprir função recuada no segundo tempo, indo e vindo como volante até além de seus limites físicos aos 35 anos, foi essencial para o Inter arrancar um empate com o campeão da Copa do Brasil, o que deve melhorar a estima colorada.