O ex-governador Alceu Collares usava uma expressão para definir quando era preciso mudar por decurso de prazo, apenas pela ação do tempo e esgotamento das relações internas, sem uma grande causa determinante: fadiga dos metais. É o caso de Roger no Grêmio.
Um ano e quatro meses no cargo é eternidade para os padrões brasileiros, sobretudo na pressão dos grandes clubes. É diferente da cultura europeia. E mesmo lá: Mourinho namorou a zona do rebaixamento no Chelsea e foi demitido como se fosse um Tio Janjão. Trocado por Zidane, Rafa Benitez não durou um ano no Real Madrid.
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O próprio Roger entendeu que não tinha mais como fazer o elenco médio do Grêmio jogar como se fosse bom. A falta de dinheiro não ajudou. Roger queria Henrique como zagueiro, mas teve de se contentar com quem os cofres podiam pagar: Fred, antes Kadu, depois Walace Reis.
O fato é que Roger já não conseguia promover a troca de passes, a pressão e o sepultamento dos chutões. Como tirar do time Marcelo Oliveira, um dos líderes do vestiário? Fadiga dos metais, eis o que provocou a saída de Roger.
A relação de Roger com Romildo era a melhor possível. Falavam sobre futebol com regularidade. Ocorre que, depois das saídas de Cesar Pacheco e Rui Costa, restou a impressão de desconfiança onde antes havia um bloco unido.
O agora demissionário Alberto Guerra, vice de futebol, é fã de Renato. Por 15 dias, o técnico pretende descansar com a família. Receberá proposta bem antes disso, é claro. O Corinthians é ficha 1: a torcida o adotou nas redes sociais, como herdeiro de Tite.
A saída de Roger é um revés forte no projeto político de Romildo no Grêmio, às vésperas da eleição para o Conselho. Quando Felipão se foi, ele assumiu de fato o controle ao encontrar um treinador estreante na função tanto quanto ele na presidência.
Ganharam destaque juntos. Prometeu encerrar o seu mandato com Roger, quebrando paradigmas e erguendo ao menos uma taça. Eduardo Baptista, Doriva e Antônio Carlos Zago têm perfil mais tático e menos medalhão, como prefere Bolzan. Renato viria com foco na Copa do Brasil. Quem aceitaria mandato-tampão? Este é o nó.