Já contei algumas vezes sobre aquele menino com quem joguei xadrez nos meus tempos de IAPI, na Biblioteca Pública Romano Reif. Era um rapazote que havia se destacado como mestre, ou coisa que o valha, e foi ao bairro para jogar algumas partidas contra quem se candidatasse. Incauto, me candidatei.
No dia do jogo, um sábado pela manhã, se bem me lembro, chegou aquele gordinho com cara de pastel. Se fosse futebol, ele iria direto para o gol. Sorri, contente com aparência morna do meu adversário. Mas bastou sentar em frente ao tabuleiro para ele se transformar. Virou o Mister Hyde, com olhar assassino e dentes rilhados. Movia aqueles cavalos, aqueles bispos, aquelas torres como se quisesse me amassar. E me amassou. Mal consegui avançar até o chamado meio jogo. Ele cercou meu rei e o abateu sem dó.
Talvez fosse, o gordinho, como o Mago de Riga aos 12 anos de idade, que enfrentou um grande mestre russo com denodo e valentia, como você verá nesse vídeo do Rafael Leite, que dou de presente neste sábado de sol:
