É chato dizer eu disse, mas eu disse: Janot foi enganado por Joesley. Vou reproduzir um trecho do texto que publiquei em 18 de junho passado em Zero Hora:
"Para quem gosta de esperteza, Joesley Batista é um Mozart. Agora mesmo, está outra vez enganando toda a população que se estende do primeiro meridiano do Hermenegildo ao último setentrião de Macapá. (...)
O que Joesley quer é salvar sua empresa e sua fortuna do vendaval judicial que se aproxima e, na operação de salvamento, Temer e Aécio surgiram oportunamente como instrumentos. Temer e Aécio, dois políticos ladinos (aviso: é um eufemismo), foram os manés de Joesley, que armou ciladas contra eles apenas para se livrar. Eles caíram porque, por acaso, ocupavam o poder, não porque Joesley os odeia ou porque se transformou em patriota temporão".
Isso agora está comprovado nas palavras do próprio Joesley, em gravações que ele mesmo fez. Joesley acreditava que entregar um pen drive com a edição de suas conversas gravadas seria suficiente para conseguir a delação premiada e se livrar da Justiça. Foi suficiente para a Procuradoria-Geral, não para a Polícia Federal, que exigiu as gravações originais. Sem outra alternativa, Joesley teve de entregar as gravações e, com elas, entregou-se também.
Neste ponto, quero pular rapidamente do terreno pedregoso da política para cair no da polícia. Fui repórter da Editoria de Polícia. Vi como os policiais trabalham, policiais de todas as instâncias, da Polícia Civil à Polícia Federal. Eles sabem o que fazem. Eles conhecem as pessoas. Se você tiver problemas, não procure o seu analista, procure o seu policial. Não estou me referindo a problemas materiais, estou falando dos espirituais mesmo. Angústia? Insegurança? Medos mil? Consulte um policial. Os policiais conhecem a alma humana como Freud gostaria de conhecer, porque eles lidam com o que move homens e mulheres: poder, sexo e sangue. A vida se resume a poder, sexo e sangue.
Policiais bem aparelhados, bem treinados e bem remunerados são a base da Justiça e a Justiça é a base de um país. O trabalho da Polícia Federal o prova. Se as outras polícias fossem valorizadas como a Polícia Federal, o Brasil seria um lugar bem melhor para se viver.
E agora pulo de novo para o lado sombrio da política.
Joesley ofereceu dois quitutes para seduzir Janot: o prato principal era Temer; Aécio foi servido de sobremesa.
Aécio é um pato. Na gravação, Joesley fala duro com ele, avisa que o dinheiro está acabando, que só vai lhe passar mais 2 milhões, e fim. Aécio quase que arfa em concordância. Não é à toa que bateu os 90% de rejeição nas pesquisas. O político ser corrupto é tolerável; ser pusilânime, não.
Já Temer caiu na armadilha porque estava no poder. Fosse Lula o presidente, cairia também.
Lula e Temer são mais espertos do que Aécio. São mais cautelosos. Não se submeteriam como Aécio se submeteu. Não se colocariam como subalternos ao corruptor. Mas também eles deixaram rastros. A PF já dispõe de provas de seus delitos que jogariam 10 Collors na masmorra. Não enganaram a polícia. Não enganarão. Serão todos presos. Ninguém conhece a alma dos brasileiros como os policiais do Brasil.