Vi uma moça com o celular na mão, filmando a paisagem da Barra. Ela vestia uma calça folgada bem colorida, quase uma saia, e uma camisa verde, e nos seus ombros estava pendurada uma mochila preta. Ela era morena e levava o cabelo preso num rabo-de-cavalo. Sorria, enquanto fazia o celular girar devagar, e repetia:
– Beautiful! Beautiful!
Pensei: e alguns brasileiros querendo apagar a tocha.
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CHEGA DE CHATOS APAGADORES DE TOCHA
Isso de querer apagar a tocha é bem coisa nossa. Que mania de ver o lado ruim da vida.
Ah, a Olimpíada vai gastar demais, ah, devíamos despender essa energia em áreas mais importantes... Tudo bem, mas essas considerações deviam ter sido feitas ANTES, quando o Brasil se candidatou para sediar os jogos. Agora, a obrigação do país e dos seus habitantes é fazer o melhor evento possível e receber bem os estrangeiros.
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NÃO QUER? DIGA ANTES!
No ano passado, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos escolheu Boston para ser candidata a sede da Olimpíada de 2024. Tinha lógica: a cidade possui ótima infraestrutura e seus habitantes amam os esportes. Há clubes poderosos para cada um dos quatro jogos preferidos dos americanos: o Red Sox no Beisebol, o Patriots no futebol americano, o Celtics no basquete e o Bruins no hóquei no gelo.
Mas, em pesquisas de opinião, a população começou a manifestar contrariedade. Alguns organizaram um movimento, o “No Boston Olympics”, que foi crescendo a cada semana. O prefeito da cidade e o governador de Massachusetts argumentaram que o evento seria bancado cem por cento pela iniciativa privada, mas os líderes do movimento provaram que os orçamentos de todas as olimpíadas foram estourados, e quem pagou o excesso foi a comunidade que sediou os jogos.
Foi tamanha a rejeição da ideia entre a população, que o Comitê cedeu: a candidata dos Estados Unidos será Los Angeles.
É assim que tem de ser: quer reclamar, reclame na hora certa. Depois, não fique esculhambando, querendo apagar a tocha, resmungando. Comporte-se e ajude.
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PARAGUAIO, COM MUITO ORGULHO
Em 1999, a Copa América foi no Paraguai. Houve todo tipo de problemas: caía a energia no meio dos jogos e o estádio ficava no escuro, as filas eram enormes para tudo o que se quisesse fazer, os voluntários se confundiam e não davam informações corretas.
Bem. Antes de uma partida da Seleção, nós estávamos em um grupo de jornalistas brasileiros e alguns começaram a reclamar.
– Só podia ser coisa do Paraguai – grunhia um.
– Bem Paraguai mesmo – rosnava outro.
Um policial paraguaio que estava por perto entesou. Com voz grave, disse que o Paraguai estava fazendo de tudo para nos receber bem, que o povo estava feliz de nos ter como visitantes e que, se algumas coisas não davam certo, não era por falta de empenho.
Admirei a galhardia do policial. E até passei a ver o Paraguai com um olhar mais positivo. Porque, se você não pode fazer o melhor, pelo menos tem de ter vontade de fazer o melhor.
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LUAN TEM DE FICAR
A entrada de Luan melhorou a Seleção Brasileira. Ele conseguiu fazer a ligação do meio-campo com o ataque, municiou Neymar e os “Gabis” e fez a jogada do lance mais perigoso.
Tem de ser titular.
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ZIKA, O ASTRO
Ontem, fui pegar o meu kit de imprensa. Dentro da mochila usual, o tubo laranja de repelente de insetos que está sendo distribuído a todos os jornalistas e atletas.
Borrifei os braços criteriosamente, segundo as instruções. Vade retro, zika!
E, de fato, por enquanto, já que não poderemos ver os olhos fúcsia de Isinbayeva, já que Phelps ainda não bateu seus pés número 48 na água azul da piscina, já que as travas das sapatilhas de Bolt ainda não feriram o chão cinza das pistas, o zika é o astro do Rio. Os estrangeiros, vira e mexe, falam do zika. Mas é só por enquanto. Hoje à noite, tudo vai mudar.