Fiz minha primeira cobertura eleitoral nos Estados Unidos em 2004. Como sempre acontece, o país estava fraturado politicamente e ainda sentia os ecos do atentado de 11 de Setembro. Na disputa entre o democrata John Kerry e o seu opositor, deu o republicano George Bush.
Na eleição seguinte, embora o candidato John McCain fosse muito bom, ele acabou não sendo o vencedor, que foi Barack Obama.
Em 2016, também acompanhei, in loco, a eleição americana. Como de costume, havia uma divisão entre Hillary Clinton e Donald Trump. Sempre digo que não adianta nada termos preferência por um ou por outro, quem escolhe, no final das contas, são os eleitores americanos. Mas o que havia de diferente naquela eleição era um nacionalismo e um machismo desmesurado.
O candidato republicano, um novato na política, prometia "drenar o pântano de Washington e prender a candidata opositora, caso fosse eleito". Ele também atribuía aos imigrantes o crescimento da criminalidade. Curiosamente, Trump encerrava seus comícios com a música dos Rolling Stones, You Can't Always Get What You Want. Fato que, depois, viria a gerar atrito entre a banda e o candidato.
O que me incomodava eram ofensas de Trump a Hilary pelo fato dela ser mulher. Em campanha, ofender é algo normal. Mas aquilo extrapolou o limite da razão.
Na eleição deste ano, não tenho dúvidas de que isso irá se repetir com Kamala Harris. De novo, ofensas são comuns em campanhas. Mas o que devemos certamente esperar é um candidato tentando desqualificar uma mulher.