O presidente Joe Biden explicará nesta quarta-feira (24) aos americanos os motivos que o levaram a tomar a histórica decisão de se retirar da corrida pela Casa Branca e passar o bastão para Kamala Harris.
O pronunciamento será em horário nobre: às 20h locais (21h no horário de Brasília), no Salão Oval da Casa Branca, depois de terminar quase uma semana de confinamento em sua casa de praia para se recuperar da covid-19.
O democrata falará do trabalho realizado e do que ainda vai fazer "nos próximos seis meses" que lhe restam de mandato, adiantou Kamala durante um comício nesta quarta em Indianápolis, no centro do país.
Biden está muito velho para ser reeleito? Acha que não pode vencer o candidato republicano Donald Trump? Muitas especulações surgiram sobre os motivos que o fizeram abandonar a disputa.
A saúde do presidente está na mente de todos. O Partido Democrata pressionou Biden para se afastar justamente por causa das dúvidas sobre a sua condição física e aptidão mental desde o desempenho desastroso em um debate contra Trump.
"Não tem nada a ver com sua saúde", afirmou a porta-voz Karine Jean-Pierre em coletiva de imprensa.
Desde o surpreendente anúncio de Biden no domingo, em uma carta publicada na rede social X, os republicanos têm aumentado os pedidos para a renúncia do presidente dos Estados Unidos.
"Qualquer sugestão deste tipo é ridícula", completou Jean-Pierre, acrescentando que Biden não pode ser considerado um presidente em fim de mandato.
- Kamala em Indiana -
Kamala substituiu Biden na corrida presidencial a menos de quatro meses das eleições.
A vice-presidente expôs em Indianápolis sua "visão de um futuro", no qual "cada pessoa tenha a oportunidade não apenas de sobreviver, mas de prosperar, um futuro de justiça social, justiça na saúde, justiça econômica... Não para alguns, mas para todos".
"Acredito que estamos diante de uma escolha entre duas visões diferentes de nossa nação, uma focada no futuro e outra no passado. E com o apoio de vocês, estou lutando pelo futuro de nossa nação", afirmou a ex-senadora e ex-procuradora.
Na terça-feira, durante um comício em Wisconsin (norte), Kamala também enfatizou os diversos casos judiciais nos quais Donald Trump está envolvido e representou o papel que assumirá na campanha: o de uma ex-procuradora contra um criminoso, destacando a condenação criminal que o candidato republicano sofreu em maio.
Apoiada por um grande número de personalidades e congressistas democratas, a vice-presidente tem praticamente garantida a nomeação na convenção de seu partido, em agosto, e se tornará oficialmente a candidata democrata para as eleições presidenciais de 5 de novembro.
- Trump segue mobilizado -
Seu adversário republicano continua percorrendo o país para capitalizar o sucesso na convenção do seu partido em Milwaukee, que o consagrou oficialmente como candidato.
Na noite desta quarta-feira ele realizará um evento de campanha na Carolina do Norte e na sexta-feira discursará diante de uma associação juvenil ultraconservadora na Flórida.
O septuagenário voará então para Minnesota, estado da região dos Grandes Lagos, para um evento com seu companheiro de chapa J.D. Vance.
Durante quatro dias, Donald Trump teve o partido sob seu comando para sua terceira candidatura à Casa Branca.
Mas o ex-presidente agora vê-se forçado a repensar sua estratégia eleitoral, muito focada em se estabelecer como um líder enérgico contra um Joe Biden em declínio.
O candidato republicano já se comprometeu a participar de um debate com Kamala Harris, de 59 anos, que considera uma rival "mais fácil" de derrotar do que Biden.
As pesquisas publicadas desde que o vice-presidente entrou na disputa têm sido bastante díspares, com os dois candidatos lado a lado.
A última, publicada na terça-feira pela Reuters/Ipsos, porém, dá uma ligeira vantagem à democrata (44% das intenções de voto contra 42%).
* AFP