A escassez de água no mundo não é um problema do futuro, é atual. Os países do Hemisfério Norte, por exemplo, estão vivendo o verão com calor acima do normal. A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um relatório alertando que algo precisa ser feito de forma urgente. Com relação especificamente à água, ela bateu no queixo das autoridades americanas, porque vários Estados foram obrigados a adotar o racionamento. O Estado sulista do Arizona, que já traz do vizinho Colorado parte da água que consome, teve de ser ainda mais radical. Proibiu a construção de novos condomínios e planeja um duto para trazer água do México, que fica perto. Mas não está sobrando água aos mexicanos. O país faz o processo de dessalinização, ou seja, a captação da água do mar e a retirada do sal, possibilitando o consumo.
A agência especializada Western Resources Advocates (WRA), sediada na região do Arizona, coloca em dúvida o futuro da distribuição de água. O desafio, segundo a agência, é implementar alguma solução inovadora para que os rios fiquem cheios e garantam a possibilidade de fornecimento para as dezenas de milhões de habitantes que residem nos Estados vizinhos.
O Instituto de Recursos Mundiais, com sede em Londres, na Inglaterra, aponta que mais de metade da população mundial enfrenta pelo menos um mês ao ano de escassez ou, como a entidade define, estresse hídrico. E a tendência é de aumento. A mesma instituição mostrou a progressão do consumo nos últimos 70 anos. O crescimento é contínuo. Nunca, nessas décadas, houve recuo.
Não em igual proporção, mas o Brasil também enfrenta tensões com seus recursos hídricos. Temos centenas de rios de onde se pode extrair água. Mas isso não pode ser motivo para relaxar. No verão de 2021, o país enfrentou a pior seca em 91 anos. No último verão, o Rio Grande do Sul passou por uma de suas piores estiagens. Lavouras ficaram secas, rios chegaram ao ponto de o barro esturricado ficar à mostra. No período que não chove no Sudeste do Brasil, o nível dos reservatórios baixa e, além de faltar água, também a geração de energia elétrica fica prejudicada. A possibilidade de finitude da água não é um tema alarmista ou político. É real para todos nós. Economizar água é o primeiro passo.