Em viagem pelo interior do Estado, de carro, aproveitei para fazer o que gosto nestas horas: ler, matear, prosear e olhar outdoors na beira da estrada. Gosto estranho.
Penso nos nomes que estão nos negócios. Quase chegando em Porto Alegre, de volta, observei um desses imensos painéis de propaganda que se apresentava assim: de um lado, um grupo de pessoas que seriam, segundo o outdoor, "bilionários"; no extremo oposto, outro grupo de pessoas, os "trabalhadores". E a seguinte questão: "De qual lado você está?". Era assinado por um sindicato, mas fiquei tão impactado que não anotei o nome.
Bingo, a mensagem alcançou seu objetivo. Diante da dualidade, não tive dúvida: trabalhador, claro. Mas basta pensar um pouco para entender o que está errado e a mensagem cifrada.
Quantos "bilionários" existem no Rio Grande do Sul? Os bilionários retratados ali seriam os três empresários daquela rede que teve um prejuízo de uma hora para outra. Mas o painel não fala isso. Os empresários retratados ali são os massacrados pela burocracia. Duvida? Tente montar um negócio e dar emprego a alguém.
Quem, em 2023, promove luta de classes? Anotem, por favor, para não repetirem o erro: luta de classes foi uma invenção marxista que criou o termo "burguês". O famoso "nós contra eles".
O Brasil tem um Ministério Público do Trabalho e uma Justiça do Trabalho muito vigilantes. Defensores públicos e advogados privados que atuam para garantir os direitos trabalhistas. Será que a turma que apoia a luta de classes não percebeu o que aconteceu nos anos Bolsonaro? Ele queria, entre outras coisas, acabar com a oposição.
Luta de classes é a estigmatização de uma categoria. Alguns não aprenderam nada nos últimos anos. Censura, mentira, ditadura e luta de classes são a antítese do bom jornalismo.