Não sou do time anti-Ronaldo. Pelo contrário, torço para o Fenômeno desde a Copa de 1994, nos Estados Unidos, quando ainda era o Ronaldinho, mas praticamente desconhecido. O Brasil, com atuação exuberante de Romário, ganhou aquela Copa, numa final histórica contra a Itália. Ronaldo só tinha 17 anos na época e nem sequer jogou naqueles jogos enervantes. Ele entrou em campo apenas para comemorar o título, depois da vitória do Brasil.
Na Copa seguinte, na França, já famoso, ele era o personagem central. E em 2002 ele foi fundamental na vitória. Torci por ele, até quando terminou a carreira no Corinthians, quando era chamado de “gordo”. Nunca gostei dos apelidos jocosos. Ou seja, torci muito pelo Ronaldo dentro e fora de campo. Quando ele apareceu de carrão, defendi-o dizendo que ele é rico e faz o que bem entender com o dinheiro.
Vinicius Júnior deixou o Flamengo aos 16 anos para se juntar ao Real Madrid. Muitos criticaram a contratação do garoto. Eu, não. Os episódio de racismo que enfrentou recentemente na Espanha são nojentos. Assisto aos jogos do Real para ver Vini Jr.
Os dois, Ronaldo e Vini Jr, junto com Bremer, Gabriel Jesus e Éder Militão, distribuíram em redes sociais imagens de um jantar em um restaurante de luxo em Doha, do chef turco conhecido como Salta Bae pela forma descontraída como coloca sal na carne e serve de churrasco os clientes (crava a faca na carne e e a serve na boca). Os jogadores têm fortunas para sustentar gerações que não vão se preocupar com dinheiro. Defendo que façam o que bem entenderem com o dinheiro que ganham — e não é pouco.
Mas a imagem deles comendo carne com ouro é um deboche. Não me preocupa o que estão comendo, fico perplexo com a falta de noção desses jogadores. Precisa comer carne coberta com ouro e espalhar para o mundo ver? O desdém é chocante no momento em que milhares de brasileiros, muitos dos quais torcem ou torceram por esses jogadores, nem sequer sabem o que vão comer.
Jogador de futebol brasileiro precisa dar exemplo. Não precisa ser um Richarlison, mas que pense duas vezes antes de se expor.