O governo federal acena para os motociclistas com a isenção de tarifa da pedágio em estradas federais. O favor seria dado apenas para estradas a serem concedidas a partir de agora. Não vale para os atuais contratos.
O Brasil tem uma frota aproximada de 30 milhões de motos. Nem todos os motociclistas rodam por estradas federais.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro prometeu zerar o pedágio para proprietários de motos que o tem apoiado em atos pelo Brasil. O Ministério da Infraestrutura confirmou que estuda a possibilidade.
Ao prometer o privilégio a uma categoria de motoristas, o presidente comete um velho equívoco que compromete o equilíbrio de contratos públicos. A isenção aos motociclistas nada mais é do que um subsídio cruzado. Livrar os donos de motos de pagamento significa que alguém vai pagar mais. E serão os motoristas de carros, caminhões e ônibus. O governo calcula impacto de apenas 1% na tarifa dos demais pagantes. É um custo que será adicionado ao transporte de carga, por exemplo.
Mais do que isso, essa ideia do governo abre caminho para uma distorção no contrato em nome de uma categoria. As motos são os veículos que oferecem o menor desgaste ao pavimento, verdade. Mas assim como qualquer outro motorista, os condutores de moto também utilizam os serviços de socorro como guincho e ambulância, custeados pelo pedágios.
Curioso para saber o que os liberais do Ministério da Economia acham disso. Hoje é para os motociclistas, amanhã será para qualquer categoria com a qual o presidente sentir afinidade e vontade de agradar.