É acertada a operação para tirar daqui os principais chefes de organizações criminosas do Rio Grande do Sul. O acerto se dá por pelo menos dois aspectos. O primeiro é o efeito prático imediato. De cara, criminosos confinados em cadeias gaúchas deixam de ditar os rumos de suas facções. A operação corta o mal pela cabeça. O outro efeito é o simbólico. A demonstração de força dos órgãos de segurança fica clara: quem sobe na hierarquia do crime e continua com poder, mesmo dentro da cadeia, pode sair de cena indo para uma penitenciária com isolamento, longe do Rio Grande do Sul.
Pode-se esperar, com isso, que os números da criminalidade mantenham a tendência de queda. . A segurança pública aqui no Estado é antes e depois da operação Pulso Firme, de 2017, quando 27 criminosos embarcaram em aviões da Polícia Federal para ficarem distantes dos seus comparsas. Outro aspecto interessante da operação é forma encadeada e coordenada, a ação mais bem organizada da história recente do Estado.
Dito isto, fica uma reflexão importante: até quando será necessário fazer operação de transferência como a de hoje? A necessidade de retirada dos presos gaúchos revela uma grave deficiência do nosso sistema penitenciário, onde não é exagero dizer que as celas são verdadeiros escritórios do crime. A maioria dos presos estava na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, que de "alta segurança" tem apenas o nome.
Foi desta cadeia que em 2015, o assaltante Ivan Richetti, condenado a 83 anos de cadeia, foi flagrado em escutas telefônicos ordenando a execução de um desafeto. Agora, Richetti está algemado dentro de um avião da Polícia Federal e vai para um presídio federal longe do Rio Grande do Sul. A cela onde ele estava vai ser ocupada por outro preso de outra organização criminosa. A solução seria reformar a PASC, impor rigor no controle de segurança e confinar ao isolamento absoluto alguém que não consegue viver em sociedade.