Dois estudos publicados em julho e realizados em Israel mostram que duas doses da vacina Pfizer não só reduzem em 81% a chance de infecção pelo SARS-CoV-2 como reduzem em 78% a chance de uma pessoa vacinada transmitir o vírus para quem mora na mesma casa. São níveis de proteção inéditos na história das vacinas. Esses resultados concordam com um estudo inglês que mostrou que indivíduos infectados tinham um risco reduzido em 50% de disseminar o vírus se eles tivessem recebido ao menos uma dose das vacinas Pfizer ou AstraZeneca.
Na Finlândia, outro estudo mostrou que os companheiros de trabalhadores de saúde que receberam ao menos uma dose de vacina Pfizer ou Moderna tinham um risco de se infectar reduzido em 43%. Resumo: as vacinas reduzem a infecção – pessoal e comunitária. E, provavelmente, protegem adequadamente das variantes que surgiram até agora.
Atualmente, os Estados Unidos vivem um ressurgimento de casos de covid-19, com internações e mortes. Há alguma preocupação de que a variante delta seja mais transmissível, mas a verdade é que 100% das pessoas que hoje morrem do covid-19 nos EUA não foram vacinados – por decisão pessoal. Vacinas salvam vidas; mas, alguns estão além da salvação.
Lá não faltam vacinas – ao contrário daqui. No Brasil, a esmagadora maioria das pessoas quer se vacinar: resultado de décadas de educação do povo em saúde, que não conseguiu ser apagada – felizmente – pelos que ainda tentam. No caso do Brasil, a CoronaVac, ainda a principal vacina distribuída, contribui decisivamente para redução de doença sintomática e morte, como mostrou um estudo com milhões de pessoas conduzido no Chile. Mas dificilmente vai proteger da infecção, assim como as citadas acima. Como? Nosso corpo gera dois tipos de proteção, os anticorpos e os linfócitos T. Os anticorpos atacam estruturas diversas _ e no caso da infecção viral, uma muito importante: a proteína Spike, usada pelo vírus para ligar-se a nossas células e infectar o individuo. A maioria das vacinas gera esse tipo de proteção. Mas o vírus evolui, e gera variantes que escapam desses anticorpos. Quando nos infecta, os linfócitos T no pulmão e outros órgãos reconhecem pequenos fragmentos do vírus e protegem da doença. Para o vírus é mais difícil escapar desses tenazes "caçadores de pedacinhos" que não nos deixam adoecer. Essa é provavelmente a forma pela qual a CoronaVac protege – porque o fixador usado para inativar o vírus destrói a proteína Spike.
Portanto, quem se vacina vai estar protegido da doença e da morte. A pandemia que se vive, hoje, é a dos não vacinados. E qualquer um que defende – ou defendeu – algo diferente disso, sinceramente, não se importa se você vive ou morre.