A certa altura da série Love, que estreou na última semana no serviço de streaming Netflix, Gus (Paul Rust), sob efeito de uma gigantesca ressaca amorosa e de dois pegas em um baseado, joga pela janela do carro a coleção completa de Blu-rays que acaba de recolher da casa da ex-namorada. Gus culpa os filmes românticos pela visão fantasiosa que, aos 31 anos, ainda tem do amor – ou tinha, até levar um sonoro e inesperado pé na bunda. Por que nunca ninguém fala do que dá errado? Das mentiras? Das incomodações mútuas? Por que, enfim, Gus se pergunta, todos os filmes de amor induzem os espectadores a sonhar com uma felicidade que nunca realmente se realiza? (É uma ironia a mais o fato de que a série se passa justo em Los Angeles, a cidade que há pelo menos cem anos exporta para o resto do mundo visões fantasiosas do amor.)
Em série
Amores imperfeitos
"A série 'Love' parece uma ilustração bem-humorada da tese desenvolvida pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman"
Cláudia Laitano
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