Eu caí na página de Fabiana Justus e permaneci no chão, sem conseguir parar de ler e testemunhar o desafio que ela vem enfrentando.
Esqueça sua fama, esqueça de quem é filha, esqueça qualquer informação dos seus bastidores de empresária e influenciadora.
Veja apenas a história de uma mãe de 37 anos, que acabou de dar à luz o seu terceiro filho, Luigi, de 6 meses. Ela passa no pronto-socorro devido a dor nas costas e febre, acredita que será uma consulta rápida e descobre que tem leucemia mieloide aguda. É retirada subitamente de sua tranquilidade, não tem nem como explicar direito o diagnóstico para os amigos e é internada às pressas no hospital, para combater um câncer agressivo e avassalador, em que a medula óssea produz células sanguíneas anômalas, reduzindo a imunidade.
Tudo estava bem e, de repente, tudo não está mais. Tudo estava seguro e, de repente, tudo não está mais. Jamais saberemos quando o nosso mundo vai desmoronar.
A previsão de uma ou duas horas fora de casa para esclarecer inofensivos sintomas acaba se transformando em 34 dias de internação, numa luta atenta e detalhista contra a morte.
Desponta da imensa fragilidade, do desamparo, do medo, um invencível amor familiar.
Você chora com Fabiana desmamando Luigi, e Luigi ronronando nos seus ombros, como se entoasse precocemente uma canção de ninar para a sua mãe.
Você chora mais uma vez com Bruno, seu companheiro há mais de vinte anos, encolhido na cama ao lado dela, cheirando seu cangote, demonstrando igual vulnerabilidade.
Você chora em seguida quando Bruno raspa a cabeça na frente das filhas, em solidariedade à esposa.
Você chora de novo ao observar o incentivo das gêmeas Chiara e Sienna, de 5 anos, porque as crianças entendem o que vem acontecendo muito mais do que pensamos.
Você chora outra vez quando Bruno tira Fabiana para dançar a música “Pra Melhorar”, de Marisa Monte. Ambos de meias, ambos com passinhos miúdos para não se distanciarem excessivamente do soro. E cada estrofe explode por dentro dos olhos, pois lágrimas têm sons.
“Quando você pensa
Que tá tudo errado e negativo
E que ainda vai piorar, piorar
Pra todo mundo a vida é difícil
Mas todos fazem seu sacrifício
Pra melhorar, melhorar
Lá vem o sol
Para derreter as nuvens negras
Para iluminar o fim do túnel.”
No desenrolar das cenas, você não sente pena, não sente compaixão, porém orgulho de como uma família pode se unir nos momentos mais difíceis e extremos da existência.
E eles teriam motivos de sobra para esconjurar o destino, para praguejar a fatalidade, para perder a fé diante do sofrimento excruciante da doença. Mas só vejo dizerem: “obrigado, Deus, obrigado por mais um dia perto de quem amamos”