O basquete faz bem para Santa Cruz do Sul. O município localizado no Vale do Rio Pardo sempre teve tradição na modalidade e por muitos anos teve no Corinthians, uma equipe de nível estadual e que em alguns anos disputava a tradicional Taça Brasil, o principal campeonato do país nos anos 1960 a 1980.
Porém, foi na década de 1990 em que a cidade viu que poderia ganhar projeção nacional e desafiar os gigantes. Em um projeto audacioso e com patrocínio local passou a ser uma pedra no caminho dos paulistas, que dominam o basquete no País.
E aos poucos jogar no Interior foi se tornando algo cada vez mais difícil, até que em 1994 veio a consagração com título da Liga Nacional, pelas mãos do esquadrão do eterno Ary Vidal, o homem que em 1987 mudou história do esporte ao bater os Estados Unidos, em Indianápolis, com a seleção brasileira na final dos Jogos Pan-Americanos, o que fez os inventores do basquete mudarem conceitos e utilizarem times profissionais nas principais competições.
O título de 1994, diante de Franca, não veio em casa pelo fato de que o ginásio da cidade à época não comportava a capacidade mínima exigida. E, assim, a decisão foi em Porto Alegre. A capital abraçou o time de Santa Cruz do Sul como se fosse seu. Era o Rio Grande do Sul mais uma vez desafiando o centro do país. Ainda vieram dois vices e outras boas campanhas até o fechamento do projeto.
Mas o espírito do basquete não morreu em Santa Cruz do Sul e na sua gente. Pelo contrário, ele voltou com força e, aos poucos, a cidade voltou ao cenário nacional e nas duas últimas temporadas está na elite novamente, quem sabe para aos poucos voltar a derrubar gigantes, como no último sábado diante do Flamengo, time de estrelas e dirigido pelo técnico da seleção brasileira, Gustavo De Conti.
Pois é essa acolhedora Santa Cruz, de tanta tradição no basquete, que esta semana, de forma orgulhosa, recebe a seleção que busca vaga na próxima Copa do Mundo, enfrentando dois tradicionais rivais: Porto Rico e Estados Unidos.
Agora numa moderna Arena, o ginásio Poliesportivo, que receberá em duas noites, na quinta e no domingo, um total de 13 mil pessoas. E assim como a cidade que a recebe, a seleção também busca se reerguer e voltar aos melhores momentos de Wlamir, Rosa Branca, Marquinhos, Oscar, Marcel... sim, o doutor Marcel, aquele que fez os torcedores do Corinthians de Santa Cruz do Sul acreditarem ser possível estar entre os melhores, mesmo em uma pequena cidade.
E, se você não sabe, o Brasil já foi uma das maiores potências do basquete, sendo bicampeão mundial e dono de duas medalhas olímpicas. Que essa semana de união entre a seleção brasileira e Santa Cruz do Sul seja um ponto de partida para uma caminhada do time nacional para a Copa do Mundo e para os Jogos de Paris-2024. E que ela aumente ainda mais o amor do povo santa-cruzense pelo basquete, afinal Santa Cruz vive e respira basquete.