Pelé jamais disputou os Jogos Olímpicos. Mas isso não o afastou do maior evento esportivo do planeta. Eleito "Atleta do Século", em julho de 1980, por jornalistas das 20 maiores publicações de esportes do mundo a pedido do jornal francês L’Equipe. E quase duas décadas depois, em 1999, ele voltou a ganhar premiação semelhante em votação realizada pelos Comitês Olímpicos Nacionais de todo o mundo, que o escolheram como “Atleta do Século”.
Na votação promovida pelo L'Equipe, o eterno camisa 10 superou o velocista americano Jesse Owens e o ciclista belga Eddy Merchx. Depois, na escolha dos COI, superou três americanos, o pugilista Muhammad Ali, que ficou na segunda posição, o velocista Carl Lewis, terceiro, e o jogador de basquete Michael Jordan, que ficou em quarto lugar.
Apesar de ter tido idade olímpica, o Rei do Futebol jamais participou de Jogos Olímpicos porque o evento não permitia atletas profissionais na época. Caso contrário, poderia ter disputado a edição de Roma-1960, quando a Seleção Brasileira não conseguiu passar da fase de grupos, após vencer Grã-Bretanha e Formosa (atual Taipé Chinesa) e perder para a Itália.
Ministro do Esporte do Brasil no governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998, Pelé participou de campanhas brasileiras em busca de sediar os Jogos Olímpicos, o que ocorreu em 2016 no Rio. Quatro anos antes, Pelé esteve na Cerimônia de Encerramento do Jogos de Londres e participou do segmento sobre a cidade brasileira, que receberia a bandeira olímpica da capital britânica.
— Comecei muito novo, com 16 anos já estava no Santos e, com 17, na Seleção. Naquela época, um jogador profissional não podia disputar as Olimpíadas. Essa é uma das minhas maiores frustrações, não ter uma medalha olímpica — disse Pelé em entrevista coletiva em Londres.
Em 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) foi até Santos para entregar ao Rei, a Ordem Olímpica.
— Mesmo tendo sido campeão olímpico na esgrima (em 1976), meu amor pelo esporte começou com o futebol. Se eu não tivesse me tornado presidente do Comitê Olímpico Internacional, eu teria perdido esta grande chance como a de hoje, de entregar a Ordem Olímpica a um dos meus heróis do esporte, Pelé, Edson Arantes do Nascimento, em reconhecimento pelo seu mérito esportivo na carreira e à sua fidelidade ao ideal Olímpico — disse Thomas Bach, presidente do COI durante a cerimônia.
O Rei ainda conduziria a Tocha dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no revezamento quando da sua passagem pela cidade de Santos, repetindo o que fizera em 2004, no Maracanã, quando a corrida de revezamento da Tocha das Olimpíadas de Atenas passou pelo Brasil.
Nesta quinta, após a confirmação da morte de Pelé, Thomas Bach se manifestou em nome da comunidade olímpica.
— Com a morte de Pelé, o mundo perde um grande ídolo do esporte. Como eu mesmo pude atestar, ele acreditava genuinamente nos valores Olímpicos e conduziu com orgulho a chama Olímpica. Foi um privilégio lhe entregar a Ordem Olímpica. Nossos sentimentos aos familiares, amigos e à comunidade futebolística mundial.