Quando a seleção Suíça entrou em campo no estádio 974 em Doha para enfrentar o Brasil, um bravo gaúcho vestia a camisa marelinha em meio a muitos torcedores do time adversário em outro local da cidade. André Pinheiro Machado é chef. Nascido em São Luiz Gonzaga, chegou a cursar a faculdade de Jornalismo, mas depois decidiu se aventurar na cozinha.
Morou 10 anos em Londres, trabalhou com estrelas da culinária mundial e se especializou em grandes eventos esportivos. Tem seu próprio restaurante em Passo Fundo, onde mora com a esposa, mas é organizando a logística e o funcionamento de uma cozinha em meio à rotina maluca de jogos e competições que ele também se realiza. Já esteve na Copa do Mundo do Brasil, nos Jogos Olímpicos do Rio, nos Jogos de Inverno na Coreia, sempre traduzindo em pratos a cultura de países.
Nas Copas do Mundo, geralmente, cada país cria seu próprio espaço para receber parceiros, clientes e torcedores durante o mundial. São as chamadas casas de cada seleção. A casa da Suíça em Doha fica no Porto, mesmo local onde está situado o famoso estádio dos containers, inspirado justamente nas cargas que chegam e saem da região. Antigamente funcionava um mercado de peixe no lugar, que foi todo revitalizado para a Copa.
A casa da Suíça é um local lindo, que tem como vizinhos os enormes navios atracados em Doha durante todo o período da Copa, hospedando um grande número de turistas devido à superlotação da rede hoteleira da cidade.
Na decoração do ambiente, elementos que fazem lembrar a Suíça. Um enorme relógio na parede, vaquinhas espalhadas por todo o lado — as produtoras do leite que geram o famoso chocolate suíço. Na parede, uma televisão exibe um vídeo com imagens em looping de pessoas comendo fondue. Mas os pratos que o chef André nos ofereceu foram outros. Uma massa com batata e molho de queijo gruyere acompanhada de um purê de maçã. E batata rosti, a batata suíça, com molho de vitelo e cogumelos. Uma delícia!
Fogo baixinho
O chef André não chegou a cozinhar para o grupo de jogadores suíços. Ainda bem! Porque certamente a comida especial, com toque gaúcho, daria ainda mais energia para o time europeu em campo. Não deu. E o que assistimos no Estádio 974 foi o Brasil sendo cozinhado em fogo baixinho durante todo a partida, até Casemiro garantir a classificação antecipada para a nossa Seleção. Fiquei imaginando a reação na casa Suíça.
Existe uma tradição de tocar um estrondoso sino a cada gol. Fiquei imaginando o André fazendo um barulho tão alto capaz de ser ouvido lá no nosso pago, nessa baita conexão Catar-São Luiz Gonzaga. Teve gostinho gaúcho na vitória do Brasil sobre a Suíça.