Observado pelos consumidores nas prateleiras dos mercados, o aumento do preço dos alimentos não deve voltar aos patamares pré-pandemia, segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. No entanto, em entrevista à Rádio Gaúcha, ela disse acreditar que haverá um "reequilíbrio":
— (Voltar) Aos patamares anteriores, não. Mas acho que vai ter um reequilíbrio de preços, porque, quando diminui o consumo, existe uma diminuição no preço. Aconteceu isso já com o arroz, que não voltou aos patamares anteriores, mas teve uma queda de preço, pelo menos para o produtor. E na carne a gente nota um pequeno recuo na arroba do boi — disse, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta terça-feira (31).
Para a ministra, alguns alimentos tiveram o preço elevado nos últimos anos porque estavam com valores represados. No entanto, ela acredita que, no caso das carnes, o valor esteja entrando em estabilização.
— Acho que nós já chegamos ao teto do preço, principalmente das carnes. Inclusive, começou a cair um pouco a arroba. O que eu quis dizer lá atrás (em entrevistas anteriores) é que a carne e o arroz, por exemplo, eram produtos que ficaram muitos anos com preços represados e que, portanto, houve aumento por diversos fatores. (...) Eu disse que não voltaríamos aos patamares de antes, e isso a gente tem verificado. Mas temos trabalhado para ter oferta, e quem regula o preço é a demanda e a oferta de produtos.
Tereza Cristina lembra que o Brasil é um grande produtor de alimentos e que, apesar de a estiagem ter prejudicado a cultura de determinados produtos, especialmente o milho, há uma estimativa para 2021 de uma safra maior do que a do ano passado.
— A expectativa é de uma safra de 289 milhões de toneladas, a primeira estimativa, e com isso há estabilidade, sim, dos preços. Agora, temos que deixar claro que a inflação dos alimentos não acontece só no Brasil. Houve um desarranjo mundial e existe um excesso de demanda no mundo por alimentos. O que precisamos fazer: renda. Aumentar emprego — afirmou.
Questionada se a queda no preço dos produtos observada pelos produtores chegará aos consumidores, disse esperar que isso acontecerá.
— Geralmente isso acontece, mas isso é regulado pelo mercado. No caso do Ministério da Agricultura, o que temos que fazer é produzir mais, e isso o Brasil vem fazendo, os produtores rurais vêm trabalhando com aumento de safra. E temos oferta maior de produtos. Agora, esse ajuste do mercado eu espero que aconteça, mas aí não cabe ao Ministério da Agricultura fazer.
A ministra ainda comentou sobre a Expointer, que, em 2021, terá a volta do público, com limite de 15 mil visitantes por dia e protocolos sanitários reforçados. Ela afirma que o retorno das feiras é uma "grande notícia".
— Elas são importantíssimas para o setor, fazem a união entre a cidade e o campo, e os produtores voltam a trocar experiências. É muito bom, fiquei muito feliz. E o Ministério da Agricultura estará de novo com o pavilhão da agricultura familiar, que é tão tradicional na Expointer. É importante para nós.