Tecnologias que resolvem problemas específicos dos produtores gaúchos são a receita que tem feito as startups do agronegócio — conhecidas como AgTechs — triunfarem em um dos setores mais competitivos e que impulsiona cerca de 35% da economia no Estado. Das 182 empresas brasileiras de inovação tecnológica que atuam diretamente no campo, 9% nasceram no Rio Grande do Sul, conforme levantamento da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). O estudo aponta, ainda, que até 23% delas já faturam mais de R$ 1 milhão ao ano. Entre as milionárias, estão as gaúchas CowMed, de Santa Maria, Checkplant, de Pelotas, e Silo Verde, de São Leopoldo — voltadas para a pecuária leiteira, lavoura e armazenagem de grãos.
— Elas colocam tecnologia de ponta à disposição de produtores de todo o país — avalia o coordenador de Empreendedorismo da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Silon Procath.
A receita passa pela competência que essas empresas tiveram para entender as dinâmicas do campo e oferecer soluções sob medida aos produtores, diz Procath, acrescentando que uma das características das startups é a base no conhecimento científico:
— Nossa maior fonte de ciência são as universidades e, por isso, oportunizam o nascimento de empresas nos seus polos tecnológicos.
Diretor da Associação Gaúcha de Startups (AGS), Thomás Capiotti diz que as empresas do tipo têm enorme importância no agro, “por esse sempre ter sido um setor carente de inovação”. A busca por aperfeiçoamento de processos e produtos faz com que vivam em ambiente de incerteza:
— Nunca sabem se vão dar certo ou não, se os clientes irão continuar se interessando. Há uma constante validação dentro do modelo de negócio.
No caminho das startups estão as aceleradoras, empresas que fornecem capital e consultoria para os empreendedores emergentes em troca de retorno financeiro.
— Investimos em novos negócios em troca de participação societária. Nosso foco é fazer elas crescerem e depois compartilhar os ganhos — explica Sandro Cortezia, líder do grupo de aceleradoras da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
A Associação Gaúcha de Startups mapeou cerca de 300 startups em 50 cidades. O faturamento anual nos dois primeiros anos girou em torno de R$ 50 milhões.
Veja a trajetória de AgTechs gaúchas milionárias
A CowMed, startup que monitora o comportamento do gado leiteiro, despontou para o mercado em 2015. A empresa implementou programa Intérprete Virtual de Vacas, que informa o produtor por meio do celular se o animal está doente, muito tempo parado ou agitado demais.
A startup Checkplant desenvolveu softwares para fornecer índices de produtividade do trabalhador e informações rápidas para tomadas de decisões no combate a pragas e doenças na soja e no algodão. A empresa com sede em Pelotas tem três sócios, 21 colaboradores e 250 clientes, espalhados por oito Estados brasileiros
Com silos fabricados a partir de garrafa pet, a startup Silo Verde oferece uma solução para armazenagem de grãos em pequenas propriedades rurais. A empresa também fornece software que analisa condições do armazenamento – como umidade, temperatura e consumo.